Texto traduzido e adaptado por Amy Gallo
É difícil não se afetar emocionalmente quando está numa conversa tensa. Afinal, um desentendimento pode parecer uma ameaça. Existe o medo de se ter de desistir de algo – do ponto de vista, da forma como se está acostumado a fazer algo, ou até mesmo, da noção do que está certo ou errado. O corpo prepara-se para a luta, desencadeando mecanismos do sistema nervoso. Esta é uma resposta natural. O problema é que os nossos corpos e mentes não estão propriamente preparados para discernir entre ‘ameaças’ apresentadas por não seguir o caminho planeado, e ameaças como, por exemplo, ser perseguido por um urso. O ritmo cardíaco e a respiração aumentam, os músculos contraem-se, o sangue no corpo afasta-se dos órgãos e é provável que sinta desconforto.
Nada disto é favorável para a resolução de conflitos. Se o corpo entra em modo de ‘lutar ou fugir’, a que Dan Goleman chamou de “sequestro da amígdala”, pode perder o acesso ao córtex pré-frontal, a parte do cérebro responsável pelo pensamento racional. E tomar decisões racionais é, precisamente, o que precisa de fazer numa conversa difícil. Não só está a perder a capacidade de pensar com clareza, como também é provável que a outra parte perceba os sinais de stress – o rosto a ficar vermelho, o ritmo do discurso a acelerar… Antes de o conhecer, já a conversa descarrilou e já o conflito se intensificou.
Felizmente, é possível interromper esta resposta física gerindo as emoções e abrindo caminho para uma conversa produtiva. Há várias coisas que pode fazer para manter a calma durante uma conversa:
Respirar
Esta técnica simples de atenção plena pode ser muito útil em situações tensas e, nenhuma é mais direta e acessível do que usar a respiração. Então, quando começar a perceber a tensão, concentre-se na respiração. Atente na sensação de ar que entra e sai dos pulmões. Sinta-o a passar pelas narinas ou pela parte de trás da garganta. Isso irá desviar a atenção dos sinais físicos de pânico e mantê-lo concentrado. Alguns especialistas sugerem contar a respiração – inspirando e expirando fazendo uma contagem de seis, por exemplo, ou apenas contando cada expiração até chegar a dez, e depois começar de novo.
Concentrar-se no corpo
Permanecer sentado durante uma conversa difícil pode fazer com que as emoções se acumulem em vez de se dissiparem. Os especialistas dizem que ficar de pé e caminhar ajuda a ativar a parte pensativa do cérebro. Se ambos estiverem sentados numa mesa, é provável que se sinta hesitante em levantar-se repentinamente. Em vez disso, pode sempre dizer: “Preciso de me esticar. Importa-se que ande um pouco?” Se não se sentir confortável para isso, pode fazer pequenas coisas como cruzar os dedos ou colocar os seus pés firmemente no chão. Os especialistas de Mindfulness chamam a essa técnica “ancoragem”. Pode funcionar em todos os tipos de situações stressantes.
Reconhecer e rotular os seus sentimentos
Outra tática útil vem de Susan David, autora de Emotional Agility. Quando se sente emocional, “a atenção é canalizada para os pensamentos e sentimentos e não há espaço para examiná-los”, diz Susan. Para se distanciar do sentimento dê-lhe um rótulo. “Chame a um pensamento, pensamento e a uma emoção, uma emoção”, diz David. Por exemplo: “Ele está errado e eu estou furioso” torna-se “Eu estou a ter o pensamento de que ele está errado e estou a sentir raiva.” Etiquetar assim, permite ver os pensamentos e sentimentos pelo que eles são: “fontes transitórias de dados que podem ou não ser úteis”. Quando é colocado um espaço entre si e as emoções é mais fácil deixá-las ir – e não enterrá-las ou deixá-las explodir.
Dar um tempo
Esta é uma abordagem pouco utilizada. Quanto mais tempo demorar a processar as emoções, menos intensas serão. Então, quando as coisas ficarem quentes, pode precisar de se retirar – vá buscar um café ou um copo de água, vá à casa de banho ou dê uma volta pelo escritório. Certifique-se que está a dar uma razão neutra para se levantar e interromper a conversa – a última coisa que quer é que a outra pessoa pense que as coisas estão tão mal. Tente dizer algo como: “ Desculpe interromper, mas preciso de um café antes de continuar. Deseja alguma coisa?”
Tenha em mente que, provavelmente, não é o único chateado. A outra pessoa também irá expressar raiva ou frustração. Pode, no entanto, dar-lhe o conselho acima, mas lembre-se de que ninguém quer ser ‘ordenado’ a respirar fundo ou fazer uma pausa. Então pode surgir a situação em que só precisa de deixar a outra pessoa respirar. Isso, geralmente, é mais fácil do que a situação anterior. É difícil não gritar quando se está a ser atacado, mas isso não ajuda. Jeanne Brett, professora de resolução de disputas e negociações na Kellogg School of Management, sugere visualizar as palavras do colega a passarem ao lado. Mas não aja de forma indiferente, é importante mostrar que está a ouvir. Se não alimentar as emoções negativas da outra pessoa com as suas próprias emoções, é provável que elas desapareçam.
Vamos ser realistas. Conflitos com colegas de trabalho podem ser difíceis. Mas não vai ser possível resolver questões delicadas ou manter uma relação positiva se se esquivar das conversas quando estiver completamente ocupado. Felizmente, estas cinco táticas irão ajudá-lo a mudar do estado ‘aborrecido’ para calmo e relaxado.