Como pedir ajuda no trabalho

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Já todos passamos por isto: estamos a fazer o nosso trabalho, bloqueamos e precisamos de ajuda, mas não deve ficar preocupado por estar a incomodar os seus colegas com questões óbvias.

Ao falar com mais de 500 profissionais, para o meu livro The Unsopeken Rules, das mais variadas áreas industriais e funções, sobre o aspeto mais duro que tinham de enfrentar no trabalho, obtive a mesma resposta: pedir ajuda. No mínimo, ficamos vulneráveis ao julgamento dos outros, o pior é que damos a ideia de ser incompetentes ou preguiçosos.

Felizmente, durante a minha pesquisa descobri que há uma forma melhor. Vamos tentar perceber como é que tudo funciona.

Faça o trabalho de casa.

O primeiro passo ao pedir ajuda, não é pedir, é confirmar se vale a pena pedir. Isto significa que temos de fazer o trabalho de casa.

Primeiro, imagine três círculos concêntricos. O círculo do meio representa aquilo que sabe neste momento.

O do meio representa o que não sabe, mas que consegue descobrir sozinho. Qualquer questão que se situe entre estes dois círculos, será uma má questão. Estas são as questões que deixam os outros a pensar “Vá lá… eu descobri a resposta em 10 minutos, enquanto estava online.”

O círculo periférico representa o que não sabe e o que não pode aprender sozinho, e, portanto, tem de perguntar. Qualquer questão que esteja situada dentro deste círculo é uma boa questão. Estas são as questões que quer perguntar.

Se pergunta algo do género “O que é que X significa?” (Quer haja uma resposta certa ou errada), tente procurar a resposta por si próprio, fazendo uma pesquisa online ou através da verificação na caixa de email, na pasta da equipa ou até mesmo na intranet da empresa. A ideia não é abrir todos os ficheiros ou emails, ou ver todos os websites, é apenas tentar fazer aquilo que é possível fazer sozinho, para que tire partido do tempo que está com os outros.

Terá feito o trabalho de casa se tiver a certeza de que a resposta ainda não foi partilhada consigo, que não é fácil de encontrar e não está na primeira página de pesquisa do Google. Se encontrar a resposta certa durante a sua pesquisa, então, não há necessidade de colocar a questão. Caso não consiga encontrar a resposta, então o melhor é perguntar.

Se vai perguntar “O que é que faço a seguir?” ou “Como é que faço isto?” (nestas situações não há uma resposta certa ou errada, apenas uma abordagem melhor ou pior), junte opções variadas e identifique aquelas em que as vantagens ultrapassam as desvantagens. Faça de conta que não tem ninguém a quem pedir ajuda. Quais são as opções que consideraria e quais são as opções que tentaria escolher? Uma das opções é tentar completar a frase a seguir para a sua situação: “Eu poderia tentar a opção A, opção B ou C. Dado que (apresentar razões), a opção B é a que faz mais sentido.” Se consegue identificar uma opção claramente superior à dos outros e é uma decisão que consegue tomar sem ter impacto nos outros, então não há necessidade de fazer a pergunta, de certeza que encontrou a resposta que os outros lhe iriam dar. Caso não consiga, então sim vale a pena perguntar.

Encontre a pessoa certa no momento certo.

Quando tiver uma questão que faça sentido colocar, o passo seguinte é identificar a forma menos disruptiva, e, portanto, a mais efetiva, para colocar a questão aos outros. Neste ponto, talvez, seja melhor perguntar-se a si próprio estas três questões:

1. Qual a melhor pessoa para colocar esta questão?

2. Qual a melhor altura para perguntar?

3. Qual o melhor local para perguntar?

No que diz respeito à pessoa certa, talvez seja melhor começar pelo mais jovem colaborador ou alguém que esteja ao seu nível ou alguém cujo trabalho é responder a questões como a sua, como por exemplo os recursos humanos ou a área das tecnologias de informação. Antes de os abordar, pergunte-se, “Será que vou precisar da ajuda deles novamente?” Se a resposta for sim e se a sua questão não for crucial, pense em escrever a pergunta e esperar até acumular uma série de questões ou estar na sua melhor forma para perguntar. Assim, pode fazer cinco perguntas de uma só vez em vez de cinco questões em separado. Se esta pessoa não o conseguir ajudar, então peça ao colega a seguir na hierarquia.

No que toca à melhor altura e local, ponha-se na pele da outra pessoa. Qual será a melhor altura para abordar esta pessoa? Qual é o meio de comunicação preferido? Muitas vezes a melhor altura é quando já se está a falar. Por isso, se vão estar juntos numa reunião, tente perguntar “Será que tens um tempinho depois desta reunião para responder a umas questões?” Se contactarem por email ou messenger, considere acrescentar as suas questões a uma das conversas.

Se ainda não está em contacto com esta pessoa, mas tem acesso ao calendário ou ao estado online, tente entrar em contacto quando mostra que estão disponíveis online. Isto pode significar apanhar a pessoa em horários fora das reuniões, nas férias, ou mesmo no fim do dia de trabalho, no tempo de descanso. Se perceber que essa pessoa envia emails logo pela manhã, tente enviar um email a essa hora.

Faça o trabalho de casa e mostre gratidão.

No que toca a fazer perguntas, o estilo pode ser tão importante como a substância. A forma como coloca a questão pode marcar a diferença entre a ajuda que necessita (ou não) e a construção de uma boa relação profissional (ou não). De modo a causar a melhor impressão possível, não basta só fazer a pergunta, partilhe o duro trabalho que fez para se ajudar a si próprio antes de procurar a ajuda dos outros.

Se estiver à procura de uma resposta objetiva, resista à tentação de ir direto à pergunta. Em vez disso, tente utilizar a seguinte estratégia: “Esta é a minha questão e é por isto que estou a colocar a questão.” Por vezes, pode ser uma simples questão “Como é que submeto a minha folha de horas?” ou “A Lisa disse-me que tu és a pessoa certa no que toca a folhas de horários. Esta v2.4 que encontrei na intranet é a mais utilizada?”

Se procura uma resposta subjetiva, torna as coisas mais fáceis para os outros o ajudarem. Isto significa que é necessário dar aos outros algo para eles reagirem, em vez de impor uma pergunta aberta e por isso difícil como por exemplo, “O que faço a seguir?”. Comece por partilhar o contexto da sua questão, seguida de uma pergunta fechada, do tipo de escolha múltipla (“Qual é que prefere: plano A, B ou C?”), ou uma resposta do tipo sim ou não (“Estarei a pensar da maneira certa?”), ou por defeito (“Eu estava a pensar no plano A ou B. Sugiro o plano A pelas razões X; concorda?”).

Tente evitar que os outros tenham de lhe dizer a mesma coisa duas vezes. Se os outros lhe dizem alguma coisa, repita, repita para si, tome notas, faça o que for necessário para se lembrar do que foi dito. Se tiver de perguntar outra vez (ou se depender da mesma pessoa), pense em procurar alguém diferente. Pode admitir algo do género “Peço desculpa, eu sei que já falamos sobre isto, mas só quero esclarecer.”

Depois de obter a ajuda que precisa, não se esqueça de mostrar alguma gratidão. Pode ser algo simples como dizer “Agradeço ter despendido do seu tempo para me explicar, dado que está sempre tão ocupado.” Pequenos gestos de apreço podem aumentar a possibilidade dos outros o ajudarem, outra vez.

No fim de tudo, pedir ajuda é apenas parte do processo de pedir ajuda. É também fazer por merecer a ajuda. É menos gratificante pôr de lado um colega de trabalho no momento em que a questão surge e desaparecer imediatamente a seguir, um bocadinho de trabalho de pesquisa pode fazer a grande diferença na produtividade, para não mencionar na reputação.

Texto adaptado do artigo da autoria Gorick Ng, na edição da revista da HBR da edição de abril de 2021, e disponível em https://bit.ly/3jGScSC.

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