Como tornar as viagens de negócios menos aborrecidas

Londres. Barcelona. Pequim. Os centros de negóciostambém são destinos de viagens interessantes. No entanto, quando nos enviampara lá para uma conferência ou para uma reunião com clientes, muitos de nós,sentimos que é um fardo.

Infelizmente, muitos dos conselhos para viagens denegócios são assim: procura pelo Wi-Fi mais do que tudo, mantém-te fiel aoitinerário, mantém-te seguro no hotel (seguro é livre de qualquer doença) etoma conta de ti o melhor que possas até ter terminado. De acordo com a minhaexperiência, e já trabalhei e geri à distância, uma equipa espalhada por 11países, este é o pior conselho que se pode dar.

Muitos de nós consideram as viagens de negócioscomo uma maldição. Quando disse a alguns dos cofundadores da minha empresa, nadécada de 90, que iria ingressar numa viagem de negócios pela Nova Zelândia,muitos imaginaram a morte da minha empresa. Segundo eles, já era muito mauterem de ir para Silicon Valley para encontrar gente talentosa.

Admito, que lutei durante alguns dias com o meusentimento de aventura. Mas aluguei uma linda casa em Auckland, com galinhas noquintal, e levei a minha família comigo, para me manter comprometido. Quando memudei para os EUA, em 2007, apercebi-me que de facto tinha sido a ideia deaventura que me tinha mantido na Nova Zelândia. Embora tenha vendido a minhaempresa, Netconcepts, em 2010, percebi a lição que a estadia na Nova Zelândiame tinha ensinado: a aventura não é uma semente, é a luz que permite que as árvorescresçam.

Percebo que nem todos os gestores possam mudar devida, tal como eu fiz, o que eu não entendo é como é que a maioria dos gestoresfazem das viagens de negócios uma árdua tarefa. Não discuto o jet lag, o tempolonge da família, a bagagem que se perde, são sem dúvida percalços, mas viajardeveria ser uma das melhores partes dos negócios.

Da próxima vez que viaje em trabalho, experimente oseguinte: sinta cada momento como uma aventura. Interaja com os locais, eviteestar online, e tire pelo menos um dia para não fazer nada e explore. Pode até pareceruma boa forma de perder o seu trabalho, mas é possível fazer tudo e aumentar aprodutividade.

Por exemplo, a conectividade. Por norma, resisto aoWi-Fi durante o voo, não só porque é caro e lento (que na realidade é), mastambém porque posso utilizar o tempo para um trabalho mais profundo. Descarregoos meus emails utilizando a aplicação Mac Mail app e trabalho nos maisexigentes offline. É incrível o que eu consigo fazer sem as distrações dosmedia.

Alguns viajantes mais experientes levam isto maislonge. Um perito em produtividade, Tiago Forte, que recentemente recebi no meupodcast, passou meses a trabalhar na Cidade do México com um cartão SIM local.Não só conseguiu passar sem a internet local, como o tornou mais produtivo aoponto de estar a pensar manter este registo quando se mudar para lápermanentemente no próximo ano. Ao eliminar as distrações, chamadas emensagens, Forte conseguiu algo que muitos homens de negócios em viagem nãoconseguem: tempo útil offline. Estas pausas, de acordo com uma pesquisa levadaa cabo pelo professor Leslie Perlow da Havard Business School e Jessica Porter,perita em gestão, promovem o desenvolvimento pessoal, uma comunicação maisaberta e qualidade no trabalho. Quando Forte necessita de se ligar novamente,simplesmente pára num dos muitos cafés da cidade do México.

E se algo de urgente surgir enquanto viaja? Tenhaum assistente virtual para gerir esses assuntos. Eu peço à minha para ver asminhas mensagens urgentes e colocar as mais urgentes numa pasta “ação”. Também utilizoa minha assistente virtual como guia: em vez de, digamos, contratar estudantesuniversitários de uma plataforma freelance, tipo a Upwork, procuro assistenteslocais próximos da área onde vou estar alojado, por exemplo, através de sitescomo o onlinejobs.ph, um site Filipino. Sim, tudo isto significa que eunecessito de contratar diferentes assistentes nos diferentes locais onde viajo.Mas francamente, uma assistente não precisa de muito para saber organizaremails e reservar viagens. Para mim, passar algumas horas a mostrar a umaassistente as ferramentas de trabalho é um preço muito baixo para ter umaverdadeira conselheira.

Se não puder contratar uma assistente, então pensese a pessoa que vai visitar o pode ajudar. Quando eu estava na Roménia, numavisita a um cliente, perguntei-lhe quais os restaurantes preferidos e algumasideias de coisas para fazer. Não só funcionou como um ice breaker, mas tambémme levou aos locais mais interessantes, que de outra forma não teria conhecido.

Claro que pode ser difícil arranjar tempo entreconferências e reuniões para fazer turismo. Mas se estiver a viajar emnegócios, o mais certo é que vá com alguns elementos da sua equipa (ou só vocêmesmo) para territórios desconhecidos. Pense em como explorar o tempo que tem eprocurar novas oportunidades. Por exemplo, estive cinco meses em Israel.Poderia ter ficado enfiado no meu quarto, como fazem a maioria dos viajantes,mas se o tivesse feito, teria perdido muito do que fiz e teria sido umachatice. Em Tel Aviv, conheci um autor e empresário que me apresentou à suaequipa de trabalho. Uma vez que Israel é tão pequeno, comparado com os EUA,tive a possibilidade de participar numa conferência em Viena, que de outraforma não teria sido possível. Nesta conferência aprendi imenso, mais do quenum curso intensivo.

Mesmo nas viagens mais pequenas é sempre possíveltransformar uma viagem de negócios numa aventura. Instale-se num Airbnb em vezde um hotel. Passe por um museu antes de ir para uma reunião. Opte por comidaque não come em casa. A questão é: escolha algo novo.

Um dos meus livros preferidos “How to be a People Magnet”,chamou a isto mistura. Ir para além da zona de conforto facilita relaçõesfuturas, pois as pessoas querem fazer algo com pessoas que têm interessescomuns.

Até mesmo experimentar novas tecnologias enquantose viaja pode ser uma aventura. Não há muito tempo, descobri um dos meusaparelhos preferidos, HumanCharger. Admito que pode parecer um pouco excêntrico– este iPod – Nano emite uma luz azul no canal auditivo e nas regiões maissensíveis do cérebro – faz milagres com o jet-lag.

Independentemente da forma, a aventura não éinimiga dos negócios. Pelo contrário, experimentar coisas novas, trabalhar coma maior diversidade de pessoas, e improvisar em situações complexas são as softskills que os trabalhadores desejam ensinar. Podem até ser desconfortáveis, massão parte da aventura – e isto é algo que muitos viajantes de negócios parecemesquecer.

Textoadaptado do artigo da autoria de Stephan Spencer, publicado a 16 de  janeiro de 2019 no website da HarvardBusiness Review (https://hbr.org/2019/01/how-to-make-any-business-trip-less-boring).

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