Firaz foirecentemente nomeado CEO de uma empresa avaliada num bilião de dólares, empresana qual desempenhou várias funções nos últimos nove anos. Ele cobiçou esteposto durante dois anos, mas agora que o alcançou, Firaz, está longe de sesentir feliz.
O trabalhoé demasiado stressante. Firaz sentiu-se entusiasmado com a ideia de liderar aequipa de gestão, principalmente porque os elementos da sua equipa não eramcolegas há muito tempo. Outro elemento de stress, veio da direção, pois, emboraestivessem juntos na ideia de que ele era o melhor CEO, não concordavam com aestratégia da empresa. Os sentimentos de medo e inadequação relacionados com ofacto de levar a empresa a bom porto, no meio de uma nova gestão a acrescentaruma competitividade feroz, eram fatores de stress.
Para alémdisso, Firaz, também não se sentia muito feliz com a sua vida familiar. Antesde aceitar a função de CEO, ele havia prometido à sua família que estaria todosos dias em casa à hora de jantar. E embora estivesse fisicamente presente àmesa, a sua atenção estava sempre voltada para cada mensagem que ia surgindo.Ficava irritado com pequenas coisas. Eram muitas as vezes que adormecia, quandodevia estar acordado (quando estava a ler para os filhos) e estava acordadoquando deveria estar a dormir (pelas três da manhã).
O trabalhodo Firaz estava a percolar para a sua vida familiar e a tirar uma dasprincipais fontes para aliviar o stress – a família.
Mas não épreciso ser um CEO para sentir este tipo de stress. O stress é algo que fazparte da maioria dos trabalhos. Aqui ficam cinco formas de carregar baterias emcasa sem acrescentar stress às vidas daqueles que mais nos querem apoiar.
Comunicar adequadamente. Quando não se está presente a cem por centoem casa, porque se está distraído com assuntos do trabalho, a família podeinterpretar este comportamento como falta de atenção ou então pensar que talveztenham feito algo de errado. Em vez disso, seja honesto em relação ao que seestá a passar. Firaz instruiu-se a dizer, “Estou a aprender a desempenhar aminha nova função, e é um grande passo em frente. Sinto-me arrebatado, e épossível que me vejam a atender mais chamadas do que aquelas que eu desejava, nospróximos três meses.” Ao partilhar o que se passava com ele, Firaz não sentianecessidade de conter o stress, o que muitas vezes levava a uma explosão emcasa e no trabalho.
Ao mesmotempo, procure partilhar os seus problemas com a sua família. Quando Firazdisse que estava preocupado com o seu trabalho, a sua filha de sete anos,ofereceu-lhe a semanada na esperança que isso ajudasse. Ao perceber que secalhar a deixou mais preocupada do que era a sua intenção, Firaz explicou-lhe,“Apesar de eu estar preocupado com o meu trabalho, esta era a função que eudesejava e estou muito feliz por estar a fazer isto. Aquilo que me preocupa vaificar resolvido assim que eu aprender a fazer o meu trabalho e contratar maispessoas.”
Faça a transição antes de chegar a casa. Durante a viagem para casa, aproveite parafazer uma mini-transição. Firaz começou por parar junto a um lago no caminhopara casa. Saía do carro e sentava-se num banco e observar a paisagem durantedois minutos antes de chegar a casa. Este ritual diário, foi a forma queencontrou para se desligar de assuntos do trabalho (pelo menos até final dojantar) e preparar-se para uma série de novas ações em casa. Há diferentesformas de fazer esta transição. Se vai de comboio, pode aproveitar para olharpara uma foto de família ao sair da estação, desta forma já está a orientar aatenção para a família.
Partilhe o seu bem-estar. A sua família dá-lhe apoio e é sensível aosseus fatores de stress e aos seus humores. Embora, seja bastante útil comunicarcom eles sobre o que se está a passar, certifique-se que não descarrega nelestodas as suas frustrações. Procure um amigo de confiança, um colega ou umcoach, ou até alguém da sua equipa, alguém que lhe possa dar alguma ajudadurante os tempos de mais stress. Pode transformá-los num espaço de libertação,tipo uma caixa de ressonância, ou simplesmente para dar conselhos. Durante umasdas nossas sessões de coaching, Firaz estava distraído e confessou que temiauma conversa com o seu CFO. Passamos uma hora a explorar as suas fontes depreocupação, estabelecendo um padrão; o comportamento de Firaz sempre que seaproximava um momento de confronto com alguém, e conseguimos chegar a umaestratégia para a tal conversa. Desta forma, Firaz conseguiu descarregar assuas preocupações e ir para casa mais leve e relaxado.
Tire um dia. Combine com a sua família um dia em que estará em casa a cem por cento ecombinem um dia no qual pode chegar mais tarde do que habitual. Neste dia, podeaté não estar em casa para jantar, reserve-o para tratar de assuntos detrabalho ou para reduzir a sua to-do list. Ao escolher o dia em que chega maistarde a casa, é uma escolha pessoal, mas ajuda a compatibilizar a vida emfamília, assim podem programar antecipadamente momentos em família.
Dê graças. Alguns estudos apontam que a gratidão tem os seus benefícios, incluindoa redução do stress. Antes de chegar a casa, reveja o seu dia de trabalho paraidentificar uma coisa, agradeça mesmo que seja algo pequeno. Em dias mais duros,Firaz até agradecia o Starbucks estar no andar debaixo.
Ao gerir intencionalmente o stress do trabalholonge do escritório, Firaz conseguiu espaço para se focar na mulher e nosfilhos quando estava em casa, o que lhe deu uma nova perspetiva das coisas,descanso e lidar melhor com as preocupações do trabalho. Ele conseguia dormir àhora certa e no local certo. Ele também percebeu que passar de pessoa altamenteperturbada para alguém mais relaxado, tornou-se um bom exemplo para os seusfilhos. O seu filho de 16 anos acabou por seguir alguns destes passos paralidar com uma amizade que não estava a correr muito bem.
Ao gerir o stress de forma proactiva, liberta-se daforça que o stress tem em si e recupera o controlo da sua vida e do seutrabalho.
Textoadaptado do artigo da autoria de Sabina Nawaz, publicado a 22 de março de 2019no website da Harvard Business Review (https://hbr.org/2019/03/5-ways-to-leave-your-work-stress-at-work).
