Não deixe a cultura da sua empresa simplesmente ‘acontecer’

Sete em cada dez pessoas dentro da empresa, neste momento, não estão a trabalhar ativamente. Este é um problema com gastos verdadeiramente altos. Só nos Estados Unidos, as companhias perdem entre 450 a 550 bilhões de dólares, por ano.

As empresas tentam motivar os seus colaboradores comincentivos e vantagens únicas, como mesas de ping-pong ou refeições gratuitas,mas nenhuma destas abordagens é direcionada para o problema de os colaboradoresse sentirem desinteressados pelo trabalho.

Mas a resposta é simples: a cultura – os valoresformais e informais, os comportamentos e as crenças praticadas numaorganização. Muito poucas companhias trabalham, intencionalmente, a sua cultura– a maior parte deixa, simplesmente, acontecer.

A cultura de uma empresa é como um jardim: podefazer-se o design dele mas o que é natural e involuntário terá sempre força.Não é possível controlar tudo, mas pode, intencionalmente, fazer-se algo. Acultura irá, assim, imergir através de um cuidado constante.

Para serem mais sistemáticas sobre a cultura, algumasempresas usam uma ferramenta chamada Mapada Cultura. O Mapa da Culturapermite analisar os três elementos chaves da cultura de uma organização:

Resultados. Estas são as coisas que se pretende (ounão) alcançar.

Comportamentos. Estas são partes bastante visíveis dacultura – as ações positivas ou negativas que as pessoas realizam no quotidianoe que se traduzem nos resultados desejados.

Facilitadores ebloqueadores. Estassão as políticas formais e informais, os rituais, as ações e as regras que facilitamou bloqueiam a cultura – os elementos que são verdadeiramente intencionais paraalcançar a cultura desejada.

Mas agora surge a questão: Como utilizar o Mapa para, intencionalmente, delinear acultura que se pretende e aumentar a felicidade e o compromisso para com a empresa?

Não há uma forma correta ou uma forma errada dedesenvolver a cultura. Cada organização é única, assim como as suas necessidadessão muito particulares. O Mapa da Culturaé, simplesmente, uma ferramenta para facilitar o diálogo entre a equipa.

Resultados: o que estáa tentar alcançar?

Começa-se por descrever os resultados que não sãodesejados – o que aconteceria se as pessoas não estivessem comprometidas com otrabalho, por exemplo. Quais sãos os resultados que não quer ver? Podeescolher-se um tema, um instante, ou incidente que teve lugar internamente.Neste exemplo, o tema essencial ou incidente é o facto de os colaboradoresestarem insatisfeitos. Isto ajuda a compreender o que se tenta, ativamente,evitar.

Os resultados a evitar podem incluir:

  • Pessoasa trabalhar sem interesse;
  • Pessoasque odeiam vir trabalhar;
  • Pessoasque se foram embora.

Para ilustrar como é que este processo funciona (emantê-lo simples), destacam-se três resultados. Quando se começa a discutir aimplementação da cultura dentro da empresa, a conversa produzirá um maiornúmero de resultados mais detalhados.

Em seguida, são identificados alguns resultadosdesejados, que irão combater os negativos.

Neste contexto, verifica-se:

  • Aspessoas estão felizes no trabalho;
  • Aspessoas estão comprometidas com o trabalho;
  • Aspessoas fazem o seu melhor no trabalho.

Os resultados esperados podem, frequentemente, ser ooposto dos resultados indesejados mas é capaz de ser útil pensar naquilo que aempresa tem e naquilo que a empresa deseja. Por exemplo, “uma posturapro-ambiental” para tornar o local de trabalho livre de carbono, pode atrair maispessoas, mas o resultado pode não ser uma resposta direta a algum elementonegativo existente na cultura.

Comportamentos: O que éque quer ver nas pessoas, dentro da organização?

Depois é preciso olhar para os comportamentos – aparte visível da cultura. Estas são as ações que as pessoas realizam todos osdias e que se traduzem nos resultados listados acima. Isto é, o que é que ésuposto as pessoas fazerem e não fazerem dentro da empresa? É recomendado quese siga as três categorias de comportamentos: individual, equipa e liderança.

Novamente, aqui olha-se para os comportamentosdesejados e indesejados. Seguem os indesejados:

Comportamentoindividual.Mostrar pouco interesse no trabalho dos outros, procrastinação (navegar naweb), evitar responsabilidades.

Comportamento emequipa. Participarem discussões e culpabilizar os outros, olhar apenas para si mesmo, terinteresses pessoais, sabotar projetos…

Comportamento deliderança. Importar-secom o prestígio pessoal, focar-se unicamente em números.

Depois, é preciso pensar quais os bons comportamentosque se podem tornar maus.

Comportamentoindividual. Pessoasmostrarem paixão pelo seu trabalho, serem transparentes sobre o progresso querealizam, pessoas a tomarem responsabilidades e, acima de tudo, pessoas quequerem ir trabalhar.

Comportamento deequipa. Colaborare ajudar os colegas, ser honesto e aberto, divertir-se.

Comportamento deliderança. Ouviras equipas, ajudar as pessoas a crescer.

Facilitadores eBloqueadores: como moldar, intencionalmente, a equipa?

Aqui é onde existe a possibilidade de influenciarresultados e comportamentos. Os facilitadores e bloqueadores são osestabilizadores formais e informais que os líderes, equipas e indivíduos podem,intencionalmente, usar para formar a cultura de uma companhia.

É preciso pensar sobre estes quatro elementos:

Incentivos são elementos básicos para realizar umbom trabalho. As pessoas devem ser pagas de forma justa e competitiva pelosseus papéis, os aumentos devem coisas previsíveis. Em conjunto com o pagamento,a cultura deve funcionar para compensar os resultados gerados versus as horaspagas. Os colaboradores não devem sentir-se ansiosos para se tornarem‘visíveis’, e um horário estrito pode criar um sentimento de falta de confiançaentre equipas e líder. Por último, e isto é algo que interessa a todos, umatentativa falhada não deve ser o suicídio da carreira.

Contexto e regras vão determinar que rituais e processospermitem às pessoas fazer um bom trabalho. Se a iniciativa é punida em vez degratificada, as pessoas não vão querer participar com novas ideias. As equipastêm autonomia e credibilidade? As equipas têm opção de trabalho flexível queencoraja a sua produtividade? As equipas precisam das ferramentas corretas e dosrecursos certo para fazer um bom trabalho – as equipas da sua empresa  passam a maior parte do tempo a pediremaquilo que precisam? Se o acesso a esses recursos é limitado, os indivíduos vãosentir-se cada vez menos inclinados a fazer parte das iniciativas.

Pessoas são o núcleo de qualquer organização eos processos e sistemas que são usados para as contratar, promover erecompensar podem ser facilitadores ou inibidores. Os processos de recrutamentosão sensíveis, e contratar ‘estrelas’ pode não ser uma boa ideia. As‘estrelas’, que exigem demasiado podem causar sérios estragos numa organizaçãoe não se deve comprometer o negócio por causa de uma única pessoa.

 Liderança tem de ter um papel especifico naempresa, se o objetivo é a mudança completa. Se as lideranças exibem umcomportamento exemplar e que agrade às equipas, estas vão seguir o exemplo.

Os líderes não devem apenas ver as experiências, mas tambémfazer parte delas. Por exemplo, pode fazer-se uma experiência onde se facilitaa autonomia das equipas para tomar certas decisões, sem envolvimento de umaliderança. O líder, ao sair do caminho e ao facilitar a tomada de decisão, vaicriar comportamentos que promovem a confiança, a honestidade e a colaboração.

A cultura de uma empresa pode ser um bicho-de-sete-cabeças,por isso é que muitos líderes evitam ter essas conversas. Mas há pequenasformas de começar. Aqui estão três coisas que podem ser feitas para começar umaconversa:

10+ minutos. Fazer um rápido levantamento paraperceber a cultura atual. Pôr toda a gente a pensar nos facilitadores einibidores. Capturar rapidamente a cultura atual vai permitir perceber osfacilitadores existentes e os comportamentos positivos que podem funcionar paraalcançar a cultura desejada.

60+ minutos. Numa sessão mais longa é possívelfacilitar um entendimento comum da cultura atual com pessoas que estejamdispostas a partilhar as suas perspetivas. Colaboração é a chave. Como é que o Mapa da Cultura mudou com as opiniõesdos outros?

180+ minutos. Nesta sessão longa, é possível explicarqual a cultura desejada e começar uma conversa sobre como é possível alcançá-la.Indivíduos, equipas, e líderes podem colaborar para discutir e entender osfacilitadores e comportamentos desejados que toda a gente pode começar aexperimentar e implementar internamente.

As empresas deviam trabalhar intencionalmente acultura, assim com trabalham o modelo de negócio e a inovação. Cada pessoa temum papel nas mudanças que as organizações enfrentam: crescimento, crise ourutura.  

Texto adaptado do artigo da autoria de Alexander Osterwalder, Yves Pigneur e Kavi Guppta, publicado em 07 de julho de 2016 disponível em https://hbr.org/2016/07/dont-let-your-company-culture-just-happen?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+harvardbusiness+%28HBR.org%29

Newsletter

Subscreva a nossa newsletter e fique sempre a par de todas as novidades

Formulário de dúvidas e denúncias

É importante para o Grupo Casais, conhecer as suas sugestões e reclamações, de forma a garantir que podemos melhorar continuamente.

Como colaborador, colaborador de um nosso parceiros, parte interessada ou testemunha pode denunciar situações de forma anónima, submeter informação sobre situações condenáveis ou denunciar ações ilegais, que violem políticas internas e/ou o nosso código de conduta de fornecedores.

As denúncias podem ser efetuadas de forma confidencial, indicando o nome e as informações de contacto ou, se quiser, de forma 100% anónima, deixando os campos em branco. Todas as denúncias serão tratadas de forma segura e confidencial.