Como ficar excitado com tópicos que o aborrecem

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Oakley era a típica jovem com fobia de matemática: quase não passava em nenhum curso que envolvesse a disciplina. Terminar o secundário foi emocionante, porque nunca mais teria de tocar num livro de matemática ou de ciência. Para ela a matemática não só não faziam sentido, como também era inútil e dolorosamente frustrante; o mesmo acontecia com a tecnologia.

A versão jovem de Oakley teria ficado chocada ao saber que acabaria por se tornar uma professora de engenharia, encantada com a matemática e confortável no mundo da tecnologia. Como descobriu através da sua experiência pessoal e de pesquisa, é possível aprender a gostar – e até mesmo apaixonar-se – por áreas temáticas que parecem aborrecidas. Num ambiente de negócios, em mudança constante, a capacidade de desenvolver novas paixões é particularmente importante.

Encontre a semente da motivação. O primeiro passo para construir uma paixão por um assunto que não gosta é identificar um motivo para aprender. Uma das motivações é querer uma melhoria. Desejar uma mudança no estilo de vida permite fazer um contraste mental entre o momento onde está agora (por exemplo, um trabalho como assistente de escritório) e onde quer estar no futuro (digamos, um contabilista público certificado).

Para Oakley, o contraste mental entre onde estava, nas últimas posições do ranking de recrutamento para o exército, até às muitas opções de carreira civil com que sonhou, forneceram um poderoso impulso para mudar de vida. Foi assim que, aos 26 anos, relembrou a matemática do secundário numa tentativa inverosímil de se tornar engenheira.

Supere a dor no cérebro. Quando pensamos em algo que não gostamos, ou que não queremos, podemos ativar uma parte do cérebro – a ínsula posterior dorsal bilateral – envolvida na experiência de dor. Isso significa, por exemplo, que pensar em matemática, quando não se gosta de matemática (ou estudar Inglês, quando não se gosta de Inglês) pode ser fisicamente doloroso. O resultado poderá ser que o seu cérebro irá desviar a atenção de tudo o que provocou essa dor. Noutras palavras, irá procrastinar.

Uma das melhores formas para ultrapassar a procrastinação é a técnica de Pomodoro, uma abordagem desenvolvida por Francesco Cirillo. Nesta técnica deve:

  1. Desligar todas as distrações (nada de notificações no telemóvel ou computador);
  2. Selecionar um temporizador de 25 minutos;
  3. Concentrar-se intensamente durante esses 25 minutos;
  4. Recompensar a si mesmo por, pelo menos, cinco minutos, quando terminar.

Essas pequenas pausas ajudam o cérebro a consolidar a informação. Isto permite construir o entendimento, minimizando a frustração. E, por falar em frustração…

É preciso compreender que é perfeitamente normal não entender algo à primeira. Muitas vezes, as pessoas não percebem que o cérebro tem duas formas distintas de experimentar o Mundo. A primeira ocorre quando se concentra num tópico, ativando aquilo a que os psicólogos chamam de ‘redes positivas para tarefas’. A segunda forma ocorre quando não nos concentramos em nada em particular. Não focar envolve a rede de modo padrão e outras redes de estado de repouso – um modo de pensamento difuso e não focado.

A maioria das pessoas precisa de alternar entre o modo focado e o difuso, para aprender um tópico. Quando não consegue resolver algo no primeiro foco, não quer dizer que seja estúpido – só precisa de tempo para alternar entre um modo e outro. Este segundo modo dá ao cérebro uma hipótese de consolidar e considerar a informação de uma perspetiva diferente.

O facto de que ninguém mencionou essa ideia simples, de que “é normal não entender”, foi uma grande razão para a falha precoce de Oakley, em matemática. Pensou realmente que qualquer novo conceito que enfrentasse em matemática deveria simplesmente “fazer clique” instantaneamente. Como não acontecia, disse a si mesma que não tinha talento nenhum para a matemática e deixou de tentar. Apenas alguns anos depois, depois do exército a ajudar a criar um contraste mental motivacional, persistiu, com tempo suficiente, na aprendizagem da matemática e ciência.

É necessário construir uma coleção de “fragmentos” neurais. Quando estamos a aprender algo novo, que não surge naturalmente, muitas vezes fugimos, em vez de interiorizar.

Experimente este exercício se estiver a trabalhar com algo relacionado com matemática ou ciência (pode facilmente criar um exercício similar com outros assuntos.) Veja se consegue resolver um problema inteiramente no papel, sem olhar para a solução. Se não conseguir, tente novamente. E novamente no dia seguinte. E nos próximos dias. Cada dia de aprendizagem focada, seguida de uma noite de sono, fortalece os novos padrões neurais. Rapidamente será capaz de “cantar”, mentalmente, o problema – quando olhar para ele, os passos da solução fluirão rapidamente pela sua mente. Mas cuidado! É necessário trabalhar ativamente o problema no papel, várias vezes, antes de começar a resolvê-lo mentalmente.

Quanto maior a coleção de fragmentos neurais relacionadas com a resolução de diferentes problemas, maior será a experiência. E, quanto maior for a experiência, mais irá gostar do que está a aprender. A prática diária e o desenvolvimento de fragmentos neurais são importantes para aprender, não apenas matemática e ciência, mas praticamente qualquer coisa: linguagem, desporto, música, dança – até mesmo conduzir um carro.  

Ao usar estes quatros passos, pode desenvolver uma paixão por um tópico que, antes, não gostava. Alguns assuntos levam mais tempo do que outros para os conseguir, verdadeiramente, dominar. Contudo, a abordagem delineada pode ajudá-lo a superar os piores obstáculos. Ficará surpreendido com aquilo que pode aprender a amar.  

Texto adaptado do artigo da autoria de Barbara Oakley, publicado a 13 de julho de 2017 em: https://goo.gl/igDp4D

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