Como responder a um comentário ofensivo no local de trabalho

Há um colega que diz alguma coisa inconveniente que o faz sentir desconfortável. Ele acha que está a ser engraçado, mas o comentário é inadequado – talvez até ofensivo, sexista ou racista. O que deve dizer ou fazer se se encontrar nesta situação? Existe alguma maneira de chamar a atenção para o comentário sem colocar a outra pessoa na defensiva? Será que vai arriscar a sua reputação, o trabalho ou a carreira se decidir falar?

O que dizem os especialistas
Não há como negar que esta é uma situação difícil. É normal questionar nestas situações, se ouvimos bem ou se era apenas uma piada. Mesmo que ache que diria algo perante a situação, a realidade pode ser diferente. Recentes pesquisas mostram que há uma discrepância entre o que as pessoas preveem que fariam e o que realmente fazem. Aqui estão alguns conselhos para lidar melhor com os comentários inconvenientes.

Pesar os benefícios de falar…
O primeiro passo é decidir se vale a pena abordar o comentário. Existem, certamente, boas razões para fazê-lo. Preservar o seu próprio senso de integridade e combater o racismo no local de trabalho são objetivos louváveis. Se não falar, está a dar a entender que está tudo bem. Basicamente, deu permissão à pessoa para fazê-lo novamente. Esta também pode ser uma oportunidade para mudar o comportamento do seu colega. Abordar o comportamento ofensivo, da maneira correta e no próprio momento, pode mudá-lo no futuro.

Se estiver numa posição de poder, a probabilidade de impulsionar a mudança é maior. Os managers têm a responsabilidade (em alguns casos legal) de se certificarem que ninguém se sente ameaçado ou desconfortável no local de trabalho. E vários estudos mostram que a pessoa pode ter mais influência se não for o tema do comentário. Quando se trata de sexismo, por exemplo, os homens tendem a ser mais persuasivos. É-lhes conferida mais credibilidade porque são o objeto do comentário.

… em detrimento de estar calado.
É preciso considerar com quem está a lidar, qual será a sua reação, e quais poderão ser os custos políticos de uma chamada de atenção. A resposta pode ser uma relativização do que aconteceu (“Que exagero! Era apenas uma piada”), ou uma resposta mais defensiva (“De que é que me está a acusar?”). É preciso pensar: Como é que essa pessoa, normalmente, reage ao ser desafiada?

Também é preciso considerar a autoridade da pessoa em questão. O seu emprego pode estar em risco. Isto é especialmente verdadeiro se fizer parte de um grupo já sujeito a este tipo de comentários. Mulheres e pessoas de cor recebem reações mais defensivas quando são assertivas. Isso não quer dizer que não deve falar. Deve sim, ser realista sobre as consequências de fazê-lo. Se o objetivo final é manter o emprego, no final de contas pode decidir manter-se quieto.

Não faça suposições
Se decidir dizer alguma coisa, aborde a situação como se a pessoa não tivesse intenção de o ofender. Na maioria das vezes, é apenas falta de noção. Tenha compaixão. Provavelmente também já cometeu erros.

Não acuse
Tenha cuidado com as acusações. Pesquisas mostram que declarações ásperas, como “Isso é racista!”, resultam em reações muito mais defensivas. As pessoas têm uma visão exagerada sobre o significado dessa palavra. Pensam logo na supremacia branca, no KKK e afins. Pode ser justo chamar as pessoas à atenção, mas ninguém quer ser acusado de sexista, racista ou ofensivo.

Explique a sua reação ao comentário
Em vez de rotular o comentário como ofensivo, pode explicar o impacto do mesmo. Pode dizer que o deixou desconfortável, ou que não entendeu muito bem. Isso não é fugir do problema, é sim ter uma abordagem mais eficaz, propensa a mudar o comportamento da pessoa em situações futuras.

Faça uma pergunta
A sua declaração inicial pode ser uma pergunta como “O que quis dizer com esse comentário?”; ou “Em que informações se baseia para dizer isso?” Ao envolver a pessoa numa discussão, pode ajudá-la a explorar os seus preconceitos e a esclarecer possíveis mal-entendidos. Pode até mesmo pedir-lhe para repetir o que disse. Isso irá levá-la a pensar o que é que quis dizer com a observação, bem como o seu efeito sobre os outros, e dar-lhe uma oportunidade para retirar o que disse.

Compartilhar informação
Se a pessoa não achar que o seu comentário foi ofensivo, pode sempre ajudá-la, oferecendo-lhe um ponto de vista diferente. Por exemplo, se a pessoa sugere que uma colega está a sair do trabalho mais cedo, pode sempre dizer algo como: “Eu li um estudo interessante no outro dia que dizia que, quando as mulheres saem cedo do trabalho é assumido que vão cuidar dos filhos. Mas, quando são os homens a fazê-lo, ninguém repara.” É importante fazer isso de uma forma que não seja passivo-agressivo. Quanto mais genuíno for nesta partilha de informação, mais provável é de ser ouvido.

Experimente abordagens alternativas
Se decidir que não se sente confortável para responder ao comentário, há outras coisas que pode fazer. Por exemplo, pode mudar de assunto enviando uma mensagem subtil de desaprovação ao comentário. Pode também esperar e ver o que acontece. Às vezes a pessoa que fez o comentário percebe o erro e pede desculpa.

Ou… chame à atenção diretamente
Dependendo da gravidade da ofensa, pode decidir que não está preocupado com a reação da outra pessoa. Pode, simplesmente, chamar à atenção. Tem apenas de pesar as consequências de o fazer. Se a pessoa se enervar e ficar à defensiva, vai perceber com quem, na realidade, está a lidar.

Apele a alguém com mais autoridade
Se os comentários continuarem e se se sentir desconfortável, pode considerar contornar o problema. Encontrar outras pessoas que foram ofendidas e expor o caso, argumentando que criou um ambiente hostil. Se já tentou lidar com isso por conta própria e não teve sucesso, pode sempre expor o assunto a uma pessoa sénior, alegando que é uma opinião comum e que todo o grupo está desconfortável.

Princípios a ter em mente

A fazer:

  • Pesar as consequências de não falar. Deixar um comentário sem resposta pode dar à pessoa permissão para fazer a mesma coisa novamente;
  • Reconhecer que, se estiver em posição de poder, tem a responsabilidade de estar atento a comentários ofensivos;
  • Fazer perguntas que ajudem a pessoa a refletir sobre o que disse e esclarecer qualquer mal-entendido.

A não fazer:

  • Negligenciar pensar nos ‘custos’ políticos, especialmente se é o alvo do comentário;
  • Supor que a pessoa teve intenção de ofender. É possível que essa pessoa seja apenas alguém sem noção; 
  • Acusar alguém de ser parcial. Isso vai colocá-la na defensiva e é improvável que mude o seu comportamento a longo prazo.

Texto adaptado do artigo da autoria de Amy Gallo publicado a 08 de fevereiro de 2017 disponível em https://hbr.org/2017/02/how-to-respond-to-an-offensive-comment-at-work.

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