
“A abordagem tradicional para manter o foco não funciona comigo”. “ Eu sei o que devo fazer para ser mais produtivo, mas simplesmente não o faço”. Muitas pessoas leem artigos e livros, mas ainda acham que manterem-se concentradas pode ser uma batalha árdua. Por que é que as pessoas que sabem muito sobre manter o foco, ainda se esforçam para o manter? Através de um estudo, foram identificadas várias razões, bem como estratégias que podem ajudar a ganhar controlo.
Um amigo ou um autor pode defender a sua própria abordagem com tanto entusiasmo que parece à prova de falhas quando implementada corretamente. Mas pode não ser a mais correta para si. Tentar fazê-la funcionar pode enviá-lo para uma rotina onde repete comportamentos inúteis, enquanto se debate com a sua falta de foco.
Por exemplo, algumas pessoas têm aversão a estruturar o uso do tempo com ferramentas amplamente recomendadas como planeadores, calendários, regras e despertadores. Estas são frequentemente as mesmas pessoas que estão intimamente sintonizados com a qualidade da sua experiência de trabalho, que encontram alegria nos fluxos e para quem a introdução de alavancas de produtividade é sufocante. Se isto o descreve, irá beneficiar se prestar atenção ao que acontece enquanto trabalha.
Se se sentir derrotado, há duas coisas que o vão ajudar a avançar e a sentir-se no controlo. O primeiro passo é aceitar onde está e ter compaixão de si mesmo. Enquanto admitir: “Estou preso. Isto é horrível”, deixará essa admissão tomar conta da sua consciência. Trate-se com compaixão reconhecendo os seus pontos fortes, lembrando os desafios que superou no passado e afirmando a sua capacidade de resolver problemas.
De seguida, avance experimentando e refletindo. Verifique como se sente nos diferentes pontos do seu trabalho, ao longo do dia, e faça ajustes para melhorar a qualidade da sua experiência de trabalho. Ser flexível ajuda. Se uma abordagem não está a funcionar, tente outra em vez de continuar a martelar infrutiferamente na mesma. Sente-se frustrado sentado na sua secretária? Faça o seu trabalho fora do escritório ou numa cafetaria por um par de horas. O ecrã do computador faz com que os seus olhos fiquem cansados? Mude, trabalhe em papel ou use o reconhecimento por voz. Talvez esteja determinado a completar alguma tarefa antes do almoço. Mas se a frustração está a aumentar, afaste-se, dê uma volta, e vá almoçar, pode ser exatamente o que precisa para facilitar uma conclusão rápida e aprazível.
Alavancar uma conexão entre a mente e o corpo é fundamental para saber quando fazer uma mudança. Por exemplo, por vezes precisa de sair da cadeira, várias vezes ao dia, para se esticar. O aperto nos ombros ou o entorpecimento nas nádegas desencadeia o desejo de se mover. Sabe que se se sentir apertado, ou o maxilar ficar tenso, deve caminhar até à janela, ou sair e apanhar ar por uns minutos. O seu corpo pode fornecer sugestões importantes para gerir, de forma otimizada, o seu foco.
As pessoas gostam de acompanhar o que planeiam realizar. Por exemplo, Nora aprendeu que, se enquadrasse o seu objetivo principal para o dia, como o “projeto final”, sentir-se-ia cada vez mais stressada com o passar do tempo se o projeto não se desenvolvesse tão rápido quanto ela esperava. No final do dia, sentia-se desmoralizada se o projeto permanecesse incompleto.
Ficar focado não precisa de ser uma luta. Embora possa não ser fácil gerir o foco, pode e deve ser auto afirmativo e cumpridor. Fazer progressos significativos no trabalho é uma das experiências mais satisfatórias que qualquer pessoa pode ter. A professora da Universidade de Minnesota, Theresa Glomb, recomenda organizar o trabalho para um “começo da descida”. Tal como o estacionamento do carro numa encosta, de frente para a descida. O que pode fazer para definir as condições que precisa? Necessita apenas de levantar o pé do travão para ele se mover? Limpe a mesa antes de começar uma nova tarefa. Anote as suas duas principais prioridades para o dia seguinte antes de sair do trabalho à noite. Para transformar a sua grande ideia em realidade, deve cumprir uma tarefa gerenciável. Pergunte a si mesmo: “Qual é o pequeno passo que poderia dar?”. O delineamento é muito mais rápido e fácil do que escrever um rascunho completo, mas é um passo concreto para a frente que nos faz sentir bem e facilita a próxima fase de escrita. Esperar pela inspiração para criar algo grande a partir do zero não funciona; na verdade, trava a produtividade. O que funciona é encontrar formas de dar pequenos passos e aproveitar o resultado do progresso.
Se a estratégia de produtividade de outra pessoa parecer artificial, provavelmente não o irá motivar. Por exemplo, algumas pessoas podem aumentar a sua produtividade estabelecendo uma série de prazos. Para outros, um prazo apenas promove o foco quando é real, interpessoal e tem consequências sérias quando não é feito por eles mesmos ou por outra pessoa, por razões aparentemente arbitrárias.
As estratégias de produtividade também perdem o potencial para motivar quando não se sentem significativas. Tente reformular algo que precisa de fazer em termos dos seus valores fundamentais para um foco mais forte e sustentado. Digamos que precisa de agendar entrevistas com funcionários de uma empresa. Gerir os emails e o processo de agendamento parece aborrecido se considerar essas tarefas como detalhes administrativos insensíveis. Mas, quando pensa neles como abertura de conversa, que possuem as chaves para ajudar as pessoas a crescer e a prosperar, elas tornam-se atraentes.
Muitas pessoas sofrem de distrações, tanto internas quanto externas, em busca do foco. Uma ferramenta útil para afastar a distração é um inquérito sobre os custos de ceder a ele. Entregar-se à distração mais tarde gerará sentimentos de arrependimento e até mesmo de incompetência. Por outro lado, fazer progressos aumenta o sentimento maravilhoso autoafirmativo de domínio. Face à tentação de ceder à distração, faça a pergunta seguinte: “A que estou a dizer não agora?”
Finalmente, aceite que o foco é dinâmico, um trabalho em desenvolvimento. Não há uma única ferramenta que o ajude a desenvolver um foco, semelhante a um laser que nunca vagueia. A melhor resposta a algumas horas dedicadas à distração não é a autorrecriminação, mas a auto compaixão que acompanhou a curiosidade. Independentemente de o foco ter sido o ideal ou não, tire alguns minutos no final de cada dia para anotar o que realizou e para se preparar para um novo começo: os novos objetivos do próximo dia.
Texto adaptado do artigo da autoria de Monique Valcour, publicado a 6 de dezembro de 2017 em: https://goo.gl/SF3cYL.