Está exausto ou será outra coisa?

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Sentir-se desligado do trabalho não só é normal, como é comum. Seja porque está sob pressão por causa de um prazo que está a terminar, ou porque está a viver uma relação tensa de trabalho, ou porque está exausto devido a um conjunto de situações profissionais, a falta de comprometimento é inevitável.

No entanto, quando estes sentimentos de stress se tornam debilitantes, normalmente, associamos estas situações a exaustão. Mas nem todas as situações associadas ao stress profissional encaixam na sensação de exaustão. Num dos nossos estudos, ainda em curso e não publicados, revela que há evidências que uma exposição prolongada a uma pressão profissional extrema nem sempre está ligada ao síndrome de burnout.

Então como é que se percebe a diferença?

Analisar e caracterizar os sintomas relacionados com stress é o passo mais importante quando se tenta perceber qual o tipo de apoio que precisa. Para perceber se os sintomas se encaixam no perfil de burnout, ou se são apenas algo mais simples que pode até levar ao burnout caso não seja tratado, pense na seguinte questão: Tem enxaquecas, ou é uma simples dor de cabeça?

Quando entrevistamos gestores que atingiram a exaustão, muitas vezes dizem que a diferença é muito semelhante a esta. Tal como as enxaquecas o burnout não é uma simples irritação que surge ao longo do dia, muitas vezes leva ao enfraquecimento de estruturas funcionais importantes. Pode ser torturante e debilitante e pode causar sentimentos intensos de exaustão emocional, cinismo extremo e eficácia profissional reduzida. Saber se está a viver uma situação de burnout é muito importante, uma vez que o burnout está associado a riscos de saúde sérios como por exemplo fribilação atrial, diabetes tipo 2, colesterol elevado o que pode levar a doenças arteriais coronárias.

Uma vez que o burnout é um tema organizacional e não é simplesmente o resultado de uma deficiência de cuidado, as intervenções a levar a cabo são complexas e exigem mais do que uma simples receita, deve fazer mais exercício ou dormir melhor. Perceber se está a viver uma espécie de burnout, não lhe traz apenas conhecimento sobre a sua experiência profissional, pode ajudá-lo, também, a perceber as mudanças necessárias ao nível organizacional que o ajudem no bem-estar dos seus colegas e da cultura organizacional como um todo.

Se não for burnout, o que é então?

Muitos dos gestores sob stress, no estudo de Kandi, revelaram uma falta de comprometimento, e a maioria não está em burnout. Em vez disso, eles estão a passar por um dos sentimentos associados a um dos sintomas de burnout, que resulta em ineficácia, descomprometimento e cansaço.

De acordo com a pesquisa de Kandi, talvez esteja a viver um destes sentimentos e não o burnout propriamente dito. Para o ajudar a clarificar considere as questões a seguir.

Sente que merece mais? Se se sente subvalorizado, subestimado, ou tido como certo, pode não se sentir tão eficaz no trabalho como acha que deveria ser. Há alguns aspetos que podem ser desmotivantes num ambiente profissional do que simplesmente trabalho em excesso ou não ser reconhecido. Estes sentimentos são tipicamente o resultado de falta de reforço extrínseco, ser reconhecido ou respeitado pelos outros.

Se se sente emocionalmente comprometido e não está emocionalmente esgotado ou pessimista, é mais provável que viva sentimentos de ineficácia em vez do dito burnout. Os estudos mostram que sentir ineficácia está menos relacionado com fatores de stress e mais com a falta de qualidades positivas no trabalho, tal como o reconhecimento, significado, autonomia e feedback construtivo, para dar apenas alguns exemplos. Para aumentar o sentido de eficácia, considere pedir ao seu chefe tarefas mais desafiantes e com mais significado, mais independência e mais feedback de modo a demonstrar que realmente estão interessados no seu desenvolvimento e melhoria.

Pensa muitas vezes “Não foi para isto que me contrataram?” Se muitas vezes se sente desiludido no trabalho ou se questiona se está no local certo, é muito provável que esteja numa fase de desinteresse. Por exemplo, um dos nossos clientes na área de coaching, a Casey, gostava de trabalhar numa pequena startup. Ela sentia-se desafiada, tinha a flexibilidade de que gostava para cuidar dos seus dois filhos, e via uma relação direta entre o trabalho e o impacto positivo na organização dos clientes. Mas quando soube que estes estavam a ser comprados por uma empresa muito maior, ela começou a sentir-se desligada do sentido que a empresa estava a seguir.

Os psicólogos organizacionais referem-se a isto como uma pausa no contrato psicológico. As pessoas como a Casey, que se sentem desligadas no trabalho, são mais capazes de lidar com as exigências do trabalho e sentem-se mais confiantes nas suas capacidades. Por outro lado, a sua inquietude surge quando se sentem desalinhadas com os valores da organização, cultura, com outros funcionários, ou a profissão em si mesma. Se este for o seu caso, pense em dar à situação algum tempo antes de decidir procurar outro emprego. E não se esqueça de utilizar a sua inteligência emocional para abraçar as mudanças associadas ao contrato psicológico de mudanças.

Trabalha para se manter ativo ou funciona como um escape? Se se sente exausto emocionalmente, mas por norma tem uma atitude positiva em relação ao trabalho, deve estar a viver um período em que atingiu o limite devido ao excesso de trabalho. Um dos nossos clientes, Lance, é um medico dedicado ao seu trabalho e tem um grande sentido de dever em relação ao seu trabalho, mas está cansado devido às longas horas de trabalho e pouco tempo de recuperação. As pessoas como o Lance sentem-se realizadas e envolvem-se no trabalho, mas também estão muito cansadas. A experiência psicológica do Lance é ter atingido o limite, e isto é diferente de estar exausto e cético, dois sintomas fundamentais de burnout.

Não é segredo que o trabalho em exagero pode levar ao burnout. A parte difícil é determinar o quê ou quem, é que está a conduzir as exigências profissionais. O burnout é causado pelos limites impostos pelo trabalho, durante o qual as exigências ultrapassam os recursos disponíveis.

As exigências profissionais autoimpostas levam a um fenómeno diferente. A dependência do trabalho, normalmente designada por vicio do trabalho, nem sempre é mau, se gostar do que faz. Porém, se não tiver cuidado, pode ficar dependente de trabalhar demasiado, muitas vezes para escapar ao stress emocional. Caso não seja tratado, o vicio do trabalho pode estar associado a inúmeras doenças, incluindo elevado risco de doenças cardíacas e diabetes. Se estiver a trabalhar demasiado, procure definir um objetivo de horas a trabalhar num dia, arranje um hobby ou uma atividade extratrabalho que lhe dê prazer ou aprenda algo novo.

Texto adaptado do artigo da autoria de Kandi Wiens e Peter Loper, na edição da revista da HBR da edição de outubro de 2021, disponível em https://bit.ly/3lnyP2B.

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