O seu horário flexível está a levá-lo ao esgotamento?

3898835

Artigo traduzido e adaptado de “Is your flexible schedule burning you out?”

No papel, para Sean parecia estar a correr bem. Ainda no início da carreira, dedicou imenso esforço ao trabalho e chegou a sócio da firma. Como um dos principais líderes da organização, tinha maior liberdade para definir o horário e usava essa flexibilidade para estar com a esposa e os filhos.

Para o Sean, isso significava deixar as crianças na creche de manhã, tentar terminar o trabalho até às 16h para passar tempo com elas antes do jantar, e começar a trabalhar algumas horas mais tarde uma vez por semana para assistir às aulas de natação.

Mas usar essa flexibilidade para a família enquanto tentava destacar-se na carreira significava voltar ao computador depois de todos dormirem e tentar acabar o trabalho à meia‑noite. Depois, acordava às 4h30 para tentar fazer exercício antes das crianças acordarem. (O exercício raramente ganhava à tecla de soneca.)

O Sean queria ser um excelente marido e pai, e um sócio bem‑sucedido na firma, sem comprometer a saúde por privação de sono e falta de exercício. Mas, apesar de passar muito tempo com a família, raramente se sentia realmente presente, pois estava sempre a recuperar no trabalho.

E o resultado? Esgotamento.

Consegue identificar-se? Às vezes, a bênção de um horário flexível transforma‑se numa maldição quando não há tempo suficiente durante o horário normal para cumprir tudo. Acaba-se a trabalhar em horários improváveis, sentindo‑se completamente sobrecarregado. Mas não usar o tempo flexível parece uma oportunidade perdida, especialmente quando os líderes são incentivados a dar o exemplo e a mostrar que fazem uso dos benefícios disponibilizados aos colaboradores.

Então, o que fazer? Como treinador de gestão do tempo há mais de 16 anos, descobri que um horário totalmente flexível pode ser uma receita para o esgotamento, fazendo-o sentir que não está a dar conta em nenhuma área. Também pode levar a uma multitarefa constante, pois nunca se tem a certeza se se está a dedicar ao que realmente importa no momento certo. E pode gerar culpa por descansar, já que sente que deveria estar a trabalhar mais algures.

Contudo, há formas de ser mais estratégico com o tempo e fazer a flexibilidade funcionar a seu favor. Aqui estão os passos para restaurar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional e estar verdadeiramente presente em ambas as áreas.

Defina o que é “suficiente”

Não ter padrões claros e realistas para o que é “suficiente” em diferentes áreas da vida pode levá-lo a sentir‑se um fracasso.

Depois de avaliarmos objetivamente o seu horário e objetivos, o Sean percebeu que precisava de ajustar a perceção do que era suficiente em termos de tempo com a família. Isso implicou permitir‑se trabalhar até às 17h e deixar de ir às aulas de natação da manhã, para poder começar a trabalhar às 7h30 em vez de 9h30. Se viajava e estava fora de casa, ainda queria usar a flexibilidade para sair mais cedo à sexta‑feira. Mas na maior parte dos dias, o Sean concluiu que dedicar mais tempo ao trabalho durante o dia beneficiava tanto a si como à família. Além disso, ao permitir‑se trabalhar mais dentro do horário habitual e ao gerir estrategicamente esse tempo, decidiu que não trabalharia depois das 22h, excepto em emergências. Isso permitiu-lhe dormir melhor e levantar‑se consistentemente para os treinos matinais.

Para definir o que é suficiente na sua vida, estabeleça um horário de trabalho mais padrão ou um número‑alvo de horas por semana. Depois determine quais são os investimentos pessoais mais importantes, como jantar com o parceiro ou assistir aos jogos das crianças, e quais pode dispensar, como aulas ou treinos rotineiros.

Esclareça onde soma mais valor

O Tim procurou‑me como executivo, marido e pai de uma grande família mista. Sentia‑se sempre em dívida — entre trabalhar e faltar à família, ou estar com os filhos e faltar ao trabalho.

Trabalhámos em definir o que era suficiente no horário dele, tal como fizemos com o Sean — mas fomos mais longe. Para compactar as horas de trabalho num horário menos flexível, precisava de clarificar radicalmente onde acrescentava mais valor. Como líder sénior, tinha de produzir resultados para a empresa.

Embora tivesse flexibilidade de horário, o Tim passava grande parte do dia em reuniões consecutivas, o que o obrigava a trabalhar à noite e fins‑de‑semana para concluir as tarefas como colaborador individual. Fizemos uma auditoria das reuniões, analisámos quais eram realmente necessárias. A partir daí, passou a reduzir a participação: recusava algumas, delegava, enviava o seu input por e‑mail ou aparecia apenas na parte decisória, saindo depois.

Isso abriu espaço durante o dia para se concentrar em iniciativas estratégicas — como criar um roadmap para um projeto global — e para alinhar com outros stakeholders executivos. O Tim passou a ter um desempenho superior, recebeu uma promoção e, acima de tudo, deixou de sentir culpa e ganhou tempo ao fim do dia e aos fins‑de‑semana para a família.

Como líder sénior, haverá sempre mais tarefas do que pode fazer. Para vencer, decida onde apontar maior valor relativamente aos objetivos da organização. Concentre-se nessas áreas e elimine o máximo possível de atividades fora deste âmbito.

Desagrade a alguns no curto prazo

A Sarah procurou‑me como diretora numa organização internacional. Tinha flexibilidade para trabalhar de casa, levar os filhos à escola e falar com familiares durante o dia. Mas isso fez‑lhe sentir‑se na obrigação de atender chamadas internacionais à noite, quando queria relaxar com o marido depois de pôr os filhos a dormir.

A Sarah percebeu que, ao tentar agradar a todos no imediato, estava a fazer‑se infeliz.

Tal como o Sean e o Tim, começou por definir o que era suficiente em tempo de trabalho e onde melhor acrescentava valor. Depois percebeu que precisava de um passo extra: definir limites. Isso significou não falar com amigos ou família durante o dia, a não ser em casos estritamente necessários. Também implicou que os colegas internacionais marcassem reuniões noutro horário mais conveniente. Se uma chamada sucedesse num momento menos apelativo (e não urgentíssima), pedia que fosse agendada com até um mês de antecedência.

Já não dava gratificação imediata a todos em relação ao acesso ao seu tempo. Mas, ao ser menos flexível, apareceu como presente, feliz, com clareza mental e ajuda — em vez de distraída, stressada e por vezes até irritada nas interações. Isso beneficiou os que a rodeavam e reduziu drasticamente o sentimento de esgotamento.

Esteja mesmo “ligado”; Esteja mesmo “desligado”

O Henry teve uma carreira muito bem‑sucedida como sócio sénior de uma firma com 400 pessoas e cargos de liderança em duas outras empresas. Tinha também uma família que adorava, com mulher e duas crianças pequenas. À primeira vista, tinha tudo: dedicava tempo extra de manhã em casa e estava presente a maior parte das noites e fins‑de‑semana. Mas estava sempre com o olho no telemóvel, preparado para atender — por precaução. Estar sempre disponível impedia‑o de sentir‑se totalmente descansado.

No nosso trabalho, o Henry percebeu que queria estar mais presente no trabalho — totalmente concentrado, sem estar ligado a assuntos pessoais nesse horário, mesmo a trabalhar de casa. Mas também desejava estar muito mais presente com a família. Definiu a regra de que, quando fosse tempo de estar com a esposa e os filhos, deixava o telemóvel em modo silencioso numa taça. Só podia consultá‑lo depois de as crianças estarem a dormir.

Essa transição de disponibilidade permanente para uma linha definida entre “ligado” e “desligado” fez com que o Henry se sentisse mais feliz e renovado diariamente. Também se deu permissão para sair de férias e não verificar nada do trabalho — uma estreia em anos.

Se se sente sempre ligado ao telemóvel ou smartwatch, estabeleça regras sobre quando pode realmente desligar. Podem ser, por exemplo, entre o log‑off antes do jantar até à hora de deitar das crianças, em que está desconectado do trabalho. Ou “fins‑de‑semana sem e‑mail”, nos quais não consulta o mail de trabalho, estando disponível apenas para emergências via mensagem. O horário e as regras podem variar, mas o importante é criar um espaço em que você e os que o rodeiam saibam que têm a sua atenção plena.

Como líder, haverá momentos em que uma situação realmente urgente exige disponibilidade fora de horas. Também haverá ocasiões em que poderá e vai querer flexionar o horário por prioridades pessoais. Mas, ao ser mais estratégico e proativo com o seu planeamento, pode aumentar a confiança de que está a investir o seu tempo em alinhamento com as suas prioridades e reduzir a probabilidade de esgotamento.

Sabe mais sobre outros temas AQUI!

Newsletter

Subscreva a nossa newsletter e fique sempre a par de todas as novidades

Formulário de Sugestões, Dúvidas e Reclamações

No Grupo Casais, valorizamos as suas sugestões, dúvidas e reclamações, pois acreditamos que são essenciais para o nosso processo de melhoria contínua.

Este espaço está à disposição de todos os parceiros e partes interessadas que desejem partilhar situações, questões ou dificuldades relacionadas com as interações que tiveram com as empresas do Grupo Casais.

Para submeter a sua sugestão, dúvida ou reclamação, basta preencher os campos indicados. Garantimos que todas as mensagens serão tratadas com a máxima seriedade.

Agradecemos o seu contributo para a melhoria contínua dos nossos serviços e processos.