Identidade e desenvolvimento – os teus pontos fortes naturais

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Artigo traduzido e adaptado de “Identify — and Develop — Your Natural Strengths

“Qual é a tua maior fraqueza?”

Já todos tivemos de enfrentar esta questão. Estás muito provavelmente a pensar na resposta: És um perfeccionista. Concentras-te demasiado nos detalhes. Tens dificuldade em desligar depois do horário de trabalho.

É uma pergunta desafiante. Mas, ao longo dos anos como conselheiro de um CEO, identifiquei uma pergunta que é ainda mais difícil para os meus clientes responderem: “Quais são os teus pontos fortes?” Todos, desde os CEOs, aos MBAs e até aos licenciados, têm tendência a concentrar-se mais em identificar e remediar as suas fraquezas, do que em celebrar os pontos fortes. Como resultado, a maioria das pessoas sabe menos sobre aquilo que são capazes do que sobre aquilo que têm de melhorar.

Porque é que naturalmente aumentamos as nossas fraquezas? Em vez disso, será que existe uma forma de revelar e concentrar-nos nos pontos fortes?

Porque nos fixamos nas nossas fraquezas?

Existem muitas razões para nos concentrarmos nas nossas fraquezas mais do que nas nossas virtudes:

1.Vivemos numa sociedade de reparações

Desde muito cedo, muitos de nós são levados a focar em áreas de desenvolvimento, mais do que nos sucessos alcançados – pelos pais, professores e pela sociedade em geral. Neste livro, Now Discover Your Strengths, Marcus Buckingham mostra que quando uma criança chega a casa com melhores notas a leitura do que a ciências, os pais ficam logo mais preocupados em melhorar nas ciências do que em valorizar o sucesso.

2.Lidamos com um preconceito negativo

Outra razão está ligada à psicologia. Os investigadores da Universidade da Pennsylvania defendem que a nossa espécie tem um preconceito negativo, isto é, pesamos mais nos dados negativos do que nos positivos. Esta tendência, provavelmente ajudou-nos ao longo da evolução a tornar-nos mais cuidadosos. No entanto, permite-nos desvalorizar a informação positiva, dificultando a valorização dos aspetos positivos.

3.Desvalorizamos o que temos naturalmente

Ao longo dos anos, como educador, mentor e formador de gestores, estou cada vez mais convencido de que, embora as pessoas saibam em que são boas (as virtudes), ignoram os seus talentos e capacidades inatas. Quando somos naturalmente bons em algo ou aperfeiçoamos um instinto através da prática prolongada, tudo corre bem. No entanto, tendemos a não valorizar o que é fácil para nós e, ao contrário, a valorizar os aspetos mais desafiantes ou que exigem mais esforço.

Provavelmente, fazemos isto porque, erradamente, assumimos que aquilo que é fácil para nós é fácil para todos, ou porque estas virtudes são tão naturais para os humanos que as ignoramos.

Virtudes gerais e inatas

Está claro que muitos de nós, seja pela experiência, seja pelo instinto, desenvolvemos a tendência de ignorar aquilo em que somos bons. Mas este comportamento pode ser posto de lado. O primeiro passo a dar é compreender a diferença entre as virtudes gerais e as virtudes inatas.

As virtudes gerais são competências e muitas vezes têm motivações externas. Aqui devemos pensar nas competências que temos de desenvolver para o nosso trabalho (talvez trabalhar com folhas de Excel) ou para a nossa vida do dia-a-dia (como mudar a fralda a um bebé).

Pelo contrário, as virtudes inatas têm uma motivação e orientação interior. Estas virtudes são distintivas, diferenciadoras e enérgicas. Porque elas são fáceis, podemos sentir alguma motivação intrínseca para estas virtudes. Por exemplo, se há uma parte de um projeto que estamos sempre a começar, ou uma tarefa que gostamos, provavelmente requer estas competências que nos são inatas e nas quais somos bons.

Por outras palavras, as virtudes inatas são aquelas que são naturais e que muitas vezes nem nos apercebemos, ou aquelas que descartamos ao dizer, “Oh, eu fazia isso de graça!” Mas ao falhar em reconhecer as tuas virtudes inatas, também faz com que não seja possível distinguir aquilo que nos torna diferentes. Quando isso acontece, perdemos oportunidades de impulsionar as nossas melhores competências, que podem melhorar o nosso trabalho, a nossa equipa e a sociedade. Temos de compreender aquilo que nos distingue para usar essas competências e brilhar na nossa função. Então, como é que isso se faz?

Como identificar as virtudes inatas

Porque muitos de nós ignoramos as nossas virtudes inatas, precisamos de ajuda externa para nos ajudar a reconhecê-las. Existem várias formas de começar a reunir informações:

1.Peça aos seus mentores e colegas de confiança feedback

Um estudo da Universidade de Princeton em 2007 sobre a “Ilusão introspetiva” mostrou que temos dificuldades em nos vermos claramente. Somos particularmente maus, pelo que parece, a perceber, não perceber e potencialmente interpretar erradamente as nossas ações.

Isto significa que, por vezes, necessitamos de pedir feedback, de ouvir várias perspetivas, para ver em grande. Neste caso, pedir feedback a um mentor ou a um colega de confiança pode ajudar a perceber quais são as virtudes inatas. Os mentores, em particular, estão numa situação incomparável, com uma grande perspetiva e acesso a dados comparativos sobre ti e sobre os teus colegas. Eles sabem o que te torna tão diferente, mesmo que não consigas perceber isso.

Idealmente, a pessoa com quem falar deve ser alguém que te conhece bem e que já te tenha visto trabalhar em ambientes diferentes ou situações. Devem ter disponíveis vários exemplos, e deves confiar nessas pessoas para poder partilhar as observações. O feedback deles também te vai permitir perceber em profundidade o que eles valorizam.

Algumas questões úteis que podes fazer:

• O que faz com que contribua positivamente para as equipas e projetos?

• Em que situações é que sou melhor?

• Quando trabalhamos juntos, o que reparas em mim que é diferente dos outros?

• Que tipo de trabalho é que percebes que me deixa entusiasmado e com energia?

• Qual é o primeiro adjetivo que te ocorre quando pensas em mim e no meu trabalho?

No início, até pode parecer estranho fazer isto, mas se ofereceres um contexto à outra pessoa, explicando que estás a tentar entender melhor as tuas virtudes, as pessoas que se preocupam contigo e querem investir no teu sucesso estarão disponíveis para ajudar. Durante a conversa, ouve com atenção as respostas deles e faz perguntas para aprofundar comportamentos específicos. Por exemplo, podes até pensar que és forte numa área, mas o teu mentor ou colega podem ter evidências de que, na verdade, és forte noutra área.

Isto aconteceu comigo. Sou naturalmente introvertido, com uma natureza estudiosa, e sempre acreditei que uma das minhas virtudes era enterrar a cabeça no trabalho, como escrever e trabalho de laboratório. Mas o feedback de um amigo fez-me perceber que uma das minhas virtudes inatas era ser um bom relacionador de pessoas. Este amigo fez-me ver que, em múltiplas ocasiões, tinha observado que eu procurava compreender e aprender as histórias das pessoas com quem me envolvia, e depois utilizava esse conhecimento para ligar indivíduos com interesses comuns. Esta conversa revelou uma virtude inata que eu tomava por garantida e na qual me apoiava.

2.Experimente novas situações

Eu gosto de utilizar uma linguagem de ativação quando falo de virtudes inatas: algumas das virtudes podem não ativar ou estar à superfície até que nos encontremos na situação certa. Tenta misturar as situações no trabalho, frequentando uma reunião com uma equipa diferente ou trabalhando num projeto que abrange departamentos diferentes para despertar o interesse. Com estas oportunidades, vais-te dar conta de novas responsabilidades e tarefas, coisas que gostas de fazer voluntariamente e que podem dar algumas pistas sobre as virtudes inatas.

Claro que nem sempre se têm só revelações positivas. Por vezes, podemos nem perceber quais são as nossas virtudes inatas se não estivermos numa situação de crise ou sob pressão, de modo a ativar novos músculos e sair da nossa zona de conforto. Por isso, da próxima vez que te pedirem para aprender uma nova competência ou aceitar novas responsabilidades, pensa que, apesar de ser desconfortável, pode ser uma oportunidade de descobrir uma virtude inata.

3.Esteja consciente dos seus preconceitos

O cientista comportamental Troy Campbell disse que toda a gente precisa de estar alerta aos seus preconceitos egocêntricos. “O modo como avaliamos o mundo é o modo em que acreditamos que o mundo é,” disse-me uma vez, “e compreendemos as pessoas através das nossas lentes. A forma como nos sentimos é a forma que achamos que os outros se sentem.” Campbell considera que, com os nossos preconceitos, projetamos nos outros as nossas virtudes e, depois, quando eles falham ou não alcançam aquilo que esperamos, ficamos desiludidos.

Se fizeres um esforço para te capacitares deste preconceito, e se prestares atenção à chegada do preconceito, podes ganhar nova consciência das tuas virtudes inatas. Assim, da próxima vez que alguém não estiver à altura das tuas expetativas, faz uma pausa e reflete. Pergunta-te:

• Porque é que me sinto frustrado neste momento?

• O que é que guia as minhas expetativas do desempenho desta pessoa?

• Sinto que lhes falta alguma competência ou virtude?

• Sinto-me assim porque esta é uma das competências ou virtudes que é fácil para mim?

Se alguém demora mais tempo a completar um projeto do que aquilo que deveria, será que é porque não sabe gerir bem o tempo, ou será que é porque é verdadeiramente bom naquilo que faz?

Num mundo em que se está constantemente a falar de auto-melhoria, quero encorajar-te a esquecer as fraquezas por algum tempo. As fraquezas vão continuar lá. Em vez disso, faz a coisa mais radical que consegues: trabalha para identificar e desenvolver as tuas virtudes inatas, e depois usa-as com intenção.

 

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