O poder reparador dos pequenos hábitos

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Artigo traduzido e adaptado de “The Restorative Power of Small Habits

O Martin fazia parte de uma comissão executiva, cuja função era gerir uma grande organização no seu departamento, e estava sempre sob pressão no que toca a resultados. Apesar do stress e do excesso de trabalho, o Martin gostava do que fazia e estava motivado para fazer a diferença. 

Mas aos poucos, o Martin começou a perceber que fazia um grande esforço para manter a energia que precisava para assegurar o nível de desempenho. Alguns acontecimentos começaram a deixá-lo mais preocupado, e percebeu que demorava mais tempo a renovar e a recuperar o entusiamo. Sempre se considerou uma pessoa resiliente e capaz de lidar com a incerteza, complexidade e situações de alto risco. Por isso, o Martin tentava perceber o que se estava a passar. 

Nos últimos anos, recuperou-se a preocupação com o bem-estar dos funcionários e a relação entre os problemas organizacionais e o burnout. O burnout é uma condição física e psicológica muito séria, que exige cuidado e atenção. 

Mas ao trabalhar com os nossos clientes executivos, descobrimos que o foco no burnout acaba por ignorar uma parte fundamental do bem-estar: a manutenção diária, mas igualmente importante, da energia que recebemos dos desafios do quotidiano de liderar e impulsionar resultados.  

Os primeiros sinais de perder a energia diária, são muito semelhantes aos que o Martin experimentou. Os sintomas incluíam a redução da paciência, atrasos e erros e o incremento da dúvida sobre as capacidades individuais. Já observamos os pontos fortes dos clientes (franqueza, tato ou cautela) a transformarem-se em pontos passivos (precipitação, medo ou procrastinação). Os gatilhos mundanos tornam-se perturbadores crónicos. Por vezes, o sono é afetado, tosse e constipações tornam-se frequentes e o descanso do fim-de-semana não chega para retomar as atividades na segunda-feira de manhã. 

Os líderes com quem trabalhamos, mostraram-se reticentes em falar sobre estes efeitos, pois não os consideram suficientemente sérios ou impactantes. Não é burnout, por isso, eles achavam que apenas tinham “de aguentar firmemente”, disse-nos um dos executivos com quem falamos.  

Porém, nós temos outro ponto de vista. Esta manutenção diária de energia, mesmo quando não se está perto de atingir o burnout, é um elemento-chave para sustentar e prosperar no ritmo frenético que se espera dos líderes atualmente.  

A energia não é apenas física ou psicológica, é multidimensional. Baseados na nossa experiência, com mais de 25 anos (e tendo por base os trabalhos de Tony Schwartz e outros), identificamos cinco “baterias de energia” que têm efeitos no bem-estar dos líderes:  

  • Baterias físicas: isto refere-se à vitalidade física e saúde. Sono, movimento e alimentação são os principais fatores para carregar esta bateria, qualquer desafio nesta área vai rapidamente esgotar estas baterias. 
  • Bateria Mental: esta bateria envolve clareza, foco e agilidade intelectual. Normalmente, consegue-se carregar com atividades de mindfulness ou aprender coisas novas. Esta bateria gasta-se através das constantes exigências e interrupções. 
  • Bateria emocional: esta bateria está relacionada com criatividade, inteligência emocional e autorregulação. Carrega-se com atividades divertidas, atividades de tempos livres reparadoras, práticas criativas, ou tempo em família e amigos. O desgaste desta bateria surge dos conflitos ou o surgimento de situações perturbadoras. 
  • Bateria espiritual: esta bateria inclui motivação e propósito. Pode ser recuperada passando tempo na natureza, trabalho voluntário, tradições religiosas, práticas espirituais ou atividades introspetivas. A nossa experiência diz-nos que esta bateria é aquela que é tida como garantida no mundo dos negócios. 
  • Bataria social: esta bateria refere-se às relações pessoais e profissionais. Carrega-se com atividades sociais, como tempo entre amigos e colegas (fora do contexto profissional), e através da possibilidade de viajar livremente e em segurança. Esta bateria esgota-se quando não nos sentimos seguros no local onde vivemos, quando trabalhamos num local onde o reconhecimento profissional é raro, ou quando nos preocupamos com o bem-estar daqueles que amamos.  

 

Apesar das fronteiras entre as cinco baterias serem flexíveis, ter uma ideia em que ponto se está em cada uma das baterias, ajuda-nos a mais fácil e rapidamente avaliar as nossas necessidades. Ao examinar cada uma das batarias pode-nos oferecer um sentido mais claro e palpável daquilo que está a recarregar ou a esgotar a energia. Se perceber que está a ter dificuldades em certas áreas, deve questionar: De que forma é que os meus hábitos suportam a minha energia? Onde é que eu consigo carregar com mais facilidade? Onde é que desgasto mais energia? O que é que posso adaptar? O que é que preciso de aceitar agora? 

Com clientes como o Martin, percebemos que são as baterias físicas e mentais que precisam de ser recarregadas. Com regularidade, vemos clientes que se tornaram sedentários, por exemplo, e no final do dia estão esgotados, pois estiveram muitas horas em frente a um computador.  

Para recarregar as baterias gastas, sugerimos aos nossos clientes a identificação de pequenos hábitos ou uma atividade com a qual se possa comprometer consistentemente. Por exemplo, para carregar uma bateria física, em vez de se comprometer com a prática de exercício três vezes por semana, uma pessoa como o Martin pode optar por subir e descer escadas e estacionar o carro no local mais distante para aumentar o número diário de passos.   

Estes pequenos ajustes podem produzir resultados complexos. Para um cliente, fazer pequenas pausas ao longo do dia oferecia-lhe a clareza suficiente para perceber o que poderia delegar e aquilo que exigia a sua direta atenção. Desta forma, melhorava a capacidade de tomar decisões mais corretas e acompanhar as rápidas mudanças que ocorrem no mundo dos negócios. Um outro cliente percebeu que ouvir meditações com a duração de cinco minutos durante a viagem de comboio para o trabalho ajudava-o a aguentar o dia todo.  

Ao adotar estes comportamentos, verificamos que os clientes ganhavam confiança na sua capacidade de lidar com os desafios da vida, quer seja naquilo que podem influenciar, quer seja naquilo que precisam de aceitar (como por exemplo, uma doença crónica ou uma reestruturação no trabalho).  

Quando começamos a viver frustrações no local de trabalho, seja por causa da demora de uma resposta, uma chamada adiada, ou uma reunião que terminou sem decisões, significa que está na hora de perceber o impacto da energia das cinco baterias. Embora estes incidentes possam parecer insignificantes, eles afetam a nossa mente e o nosso corpo, aumentando os níveis de cortisol e reduzindo os recursos emocionais e cognitivos. 

Aumentar a resiliência diária não só nos ajuda no bem-estar do dia-a-dia, como também ajuda os líderes a conseguirem uma maior eficácia em situações de crise, porque permite o desenvolvimento de competências para se estar atento à energia e aos métodos de a manter em níveis aceitáveis.  

 

Descobre mais sobre outros assuntos em: Segue-me… – Grupo Casais

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