O que é realmente a autoconsciência?

A autoconsciência parece ter-se tornado na mais importante palavra-chave de gestão – por uma boa razão. Quando nos vemos claramente, tornamo-nos mais confiantes e criativos. Tomamos decisões mais sólidas, construímos relacionamentos mais fortes e comunicamos de forma mais eficaz. Somos menos propensos a mentir, enganar e roubar. Somos melhores trabalhadores e conseguimos mais promoções. Somos líderes mais eficazes, temos empresas com mais funcionários e mais lucrativas. 

Há quatro anos, Eurich, um psicólogo organizacional, e a sua equipa de investigadores embarcaram num estudo científico sobre a autoconsciência. Em dez investigações, com quase 5.000 participantes, examinaram o que é realmente a autoconsciência, por que precisamos dela e como a podemos melhorar. Embora a maioria das pessoas acredite ser autoconsciente, esta é uma qualidade rara. Estima-se que apenas 10-15% das pessoas estudadas se encaixe nos critérios. Desta pesquisa foram destacadas três descobertas. 

1. Existem dois tipos de autoconsciência

Através de diversos estudos, duas grandes categorias de autoconsciência emergiram. A primeira, a autoconsciência interna, representa a forma como nos vemos a nós próprios, os valores, paixões, aspirações, reações (incluindo pensamentos, sentimentos, comportamentos, pontos fortes e fracos) e o impacto que temos sobre os outros. A autoconsciência interna está associada a uma maior satisfação no trabalho, nas relações pessoais e sociais e na felicidade; e está negativamente relacionado com a ansiedade, o stress e a depressão.

A segunda categoria, a autoconsciência externa, significa entender como as outras pessoas nos veem, em relação ao mesmos fatores listados acima. A pesquisa mostra que as pessoas que sabem como os outros as veem, estão mais habilitadas a mostrar empatia e a assumir as perspetivas dos outros. 

O quadro abaixo mapeia a autoconsciência interna (o quão bem se conhece) contra a autoconsciência externa (o quão bem conhece como os outros o veem).

Quando se trata da autoconsciência interna e externa, é tentador valorizar um sobre o outro. Mas os líderes devem trabalhar ativamente em ambos, ver claramente e obter feedback para entender como os outros os veem. 

A autoconsciência não é uma verdade. É um equilíbrio delicado de dois pontos de vista distintos, mesmo concorrentes. 

#2: Experiência e poder impedem a autoconsciência

Ao contrário da crença popular, os estudos demonstraram que as pessoas nem sempre aprendem com a experiência. Ao vermo-nos como altamente experientes, deixamos de ‘fazer a lição de casa’, de procurar evidências e de questionar os nossos princípios.

A experiência pode levar a uma falsa sensação de confiança em relação ao nosso desempenho, e também nos torna confiantes sobre o nosso nível de autoconsciência. Por exemplo, um estudo descobriu que os diretores mais experientes eram menos precisos ao avaliar a sua eficácia de liderança, em comparação com diretores menos experientes.  

Embora a maioria das pessoas acredite ser autoconsciente, apenas 10-15% se encaixa realmente nos critérios.

Da mesma forma, quanto mais poder um líder tem, mas provável é de sobreestimar as suas capacidades e habilidades. Em primeiro lugar, em virtude do seu nível, os líderes seniores simplesmente têm menos pessoas acima deles que lhes possam fornecer um feedback sincero. Em segundo lugar, quanto mais poder um líder exerce, menos confortáveis as pessoas se sentem ao dar-lhe um feedback construtivo, com medo de prejudicar as suas carreiras. 

Descobriram que as pessoas que melhoraram a sua autoconsciência externa o fizeram enquanto procuravam respostas de críticos amorosos – isto é, pessoas que têm os seus melhores interesses em mente e estão dispostas a dizer a verdade. 

#3: A introspeção não melhora sempre a autoconsciência

Também é amplamente assumido que a introspeção – examinar as causas dos nossos próprios pensamentos, sentimentos e comportamentos – melhora a autoconsciência. Afinal, qual a melhor forma de nos conhecermos a nós mesmos do que refletindo sobre a razão pela qual somos assim?

No entanto, uma das descobertas mais surpreendentes da pesquisa é que as pessoas que fazem introspeção são menos conscientes e relatam uma menor satisfação e bem-estar no trabalho. Outras pesquisas mostraram padrões semelhantes. 

O problema com a introspeção não é que seja ineficaz, é que a maioria das pessoas o faz incorretamente.

Na verdade, o ‘porquê’ é uma questão de autoconsciência surpreendentemente ineficaz. A pesquisa mostrou que, simplesmente, não temos acesso a muitos dos pensamentos, sentimentos e motivos inconscientes que estamos à procura. E porque estamos presos fora da nossa consciência, tendemos a inventar respostas que parecem verdadeiras, mas que muitas vezes estão erradas. 

A mente humana raramente opera de forma racional, e os julgamentos raramente são livres de subjetividade. Tendemos a atacar qualquer ‘perceção’ que encontramos sem questionar a sua validade ou valor, ignoramos as evidências contraditórias e forçamos os nossos pensamentos a estarem em conformidade com as explicações iniciais.

Outra consequência negativa de perguntar ‘porquê’ – especialmente quando se tenta explicar um resultado indesejado – é que convida a pensamentos negativos improdutivos. Na pesquisa, descobriram que as pessoas que são muito introspetivas também são mais propensas a ficar presas em padrões ruminativos.

 A autoconsciência não é uma verdade. É um equilíbrio delicado de dois pontos de vista distintos, mesmo concorrentes. 

Líderes que se concentram na construção da autoconsciência interna e externa, que procuram comentários honestos de críticos amorosos e que perguntam ‘o quê’ em vez de ‘porquê’ podem aprender a ver com mais clareza – e colher as muitas recompensas que aumentam a autoconsciência. E, não importa o progresso que façamos, há sempre mais para aprender. Essa é uma das razões que torna a viagem da autoconsciência tão emocionante.

Textoadaptado do artigo da autoria de Tasha Eurich  publicado a 4 janeiro de de2018 em: https://goo.gl/H5bEVJ.  

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