
Imagine que, numa sexta à tarde, antes de sair do trabalho para começar o fim-de-semana, é chamado para resolver dois problemas que requerem um pensamento criativo. O que faz?
- Passa a primeira metade do tempo a tentar resolver o primeiro problema e a segunda metade do tempo a tentar resolver o segundo problema;
- Alterna entre os dois problemas num intervalo regular predeterminado (por exemplo, alternando a cada cinco minutos);
- Alterna entre os problemas a seu critério.
Se é como as centenas de pessoas que responderam a esta questão, optará por alternar entre os dois problemas a seu critério. Afinal, essa abordagem oferece autonomia e flexibilidade, permitindo que mude de um problema para o outro quando se sentir bloqueado.
Mas, se conseguir uma resposta criativa for o seu objetivo, essa abordagem pode não ser a melhor. Em vez disso, alternar entre os problemas num intervalo regular e predeterminado, provavelmente, produzirá melhores resultados, de acordo com a pesquisa Processos Organizacionais e Processos de Decisão Humana.
Por que é que o facto de alternar à sua vontade pode não gerar os resultados mais criativos? Porque quando tentamos resolver problemas que requerem a criatividade, muitas vezes chegamos a um bloqueio. Encontramo-nos rodeados pelas mesmas ideias ineficazes e não reconhecemos a hora de seguir em frente. Em contraste, alternar regularmente entre as duas tarefas num intervalo definido pode repor o seu pensamento, permitindo abordar cada tarefa de novos ângulos.
Num estudo foram distribuíram participantes, aleatoriamente, em cada uma das três abordagens. Notou-se que os que foram instruídos a alternar continuamente entre dois problemas, num intervalo fixo, eram mais propensos a encontrar uma resposta correta, para ambos os problemas. Já aqueles que trocaram alternadamente a seu critério e os que trocaram a meio do tempo atribuído tiveram dificuldades.
No segundo estudo, centrado na ideia criativa, os problemas apresentados não tiveram respostas certas. O objetivo era descobrir os benefícios de se afastar de um problema, em intervalos regulares, transferindo-os para outros tipos de problemas que justificassem a criatividade, como o brainstorming.
Mais uma vez, foram atribuídos aleatoriamente os participantes a uma das três abordagens e foi-lhes pedido que gerassem ideias criativas para as duas tarefas diferentes. Tal como no primeiro estudo, a maioria das pessoas acreditava que seria melhor se trocasse, a seu critério, entre as duas tarefas de geração de ideias. Descobriram, novamente, que os participantes que foram instruídos a alternar entre as duas tarefas de geração de ideias, num intervalo fixo, conseguiram melhores resultados.
Os benefícios criativos das tarefas alternadas foram estudados por outras pesquisas. Por exemplo, Steven Smith e os seus colegas descobriram que os indivíduos instruídos para listar itens de diferentes categorias, enquanto alternavam as categorias, tinham mais ideias do que os indivíduos que classificavam itens de apenas uma categoria, antes de mudar para outra. Na mesma linha, outros estudos descobriram que breves interrupções ajudam no processo de gerar ideias criativas. As descobertas desses investigadores sugerem que a agitação da vida no trabalho diário pode facilitar a criatividade.
Quando está a trabalhar em projetos que beneficiam com o pensamento criativo, insira quebras de pensamento para atualizar a abordagem. Faça intervalos regulares – use um temporizador se precisar. Quando for ‘desligar’, troque de tarefas: Organize recibos de reembolso, verifique o email ou limpe a sua secretária e, depois, volte à tarefa original. Se hesitar em parar, porque sente que está num ciclo, tenha em mente que pode ser uma impressão falsa. Tendemos a gerar ideias redundantes quando não fazemos pausas regulares; pergunte-se se as suas últimas ideias são qualitativamente diferentes. Finalmente, não perca as pausas do almoço e não se sinta culpado por fazer pausas, especialmente quando está bloqueado nas mesmas ideias. Este processo pode ajudá-lo a fazer um melhor uso do seu tempo.
Texto adaptado do artigo da autoria de Jackson G. Lu, Modupe Akinola e Mailia Mason a publicado a 7 de junho de 2017 em: https://goo.gl/r9FLfs.