Três situações onde a comunicação multicultural se degrada

A força de equipas multiculturaisfoca-se na diversidade de experiências, perspetivas e insights. Mas, para captar essas riquezas, os colegas devemcomprometer-se com comunicações abertas; devem atrever-se a partilhar. Infelizmente,isto é frequentemente difícil. Em estudos sobre grupos de trabalhos globais,foram feitas algumas descobertas. Percebeu-se que os desafios, normalmente,acontecem em três áreas.

Despoletar ideias

As normas de participação diferemmediante a cultura. Os membros das equipas de países mais igualitários eindividualistas, como os Estados Unidos ou a Austrália, podem estar acostumadosa expressar as suas, não filtradas, ideias ou opiniões, enquanto aqueles queprovêm de uma cultura mais hierárquica, como o Japão, tendem a falar apenasdepois de um colega mais sénior expressar o seu ponto de vista. As pessoas decertas culturas podem hesitar em dar o seu contributo, por medo de terem as suasopiniões interpretadas como superficiais ou até parvas; os finlandeses, porexemplo, favorecem a máxima “pensar antes de falar”, em contraste com a atitudedo “dizer o que vem à cabeça”, muito prevalecente entre os americanos.

Os padrões de comunicação podemdificultar a participação das pessoas em sessões de brainstorming. Os brasileiros, por exemplo, sentem-se à vontade comdiálogos sobrepostas ou interrupções, encarando-as como sinais de que osenvolvidos estão mesmo focados na conversa. Mas, outros, acostumados aparticipações mais ordeiras, podem sentir-se interrompidos ou excluídos poresta prática.

A correção: Assegurar que todosestão a contribuir. Líderes de equipas multiculturais devem estabelecerprotocolos de comunicação. Uma tática clássica, quando se solicita ideias ouopiniões, é percorrer as pessoas que estão na mesa, para ter a certeza de quetodos tiveram a oportunidade de falar. Estudos recentes em equipas americanas easiáticas, mostram que estas táticas resultam em aumentos drásticos decontribuições.

Se estabelecer um tempo padrão oucontrolar as interrupções são o problema, tente adotar a regra das “quatrofrases” para limitar os membros da equipa mais opinativos, ou insistir num intervaloobrigatório entre os comentários de duas pessoas, para dar tempo a toda a genteque queira participar.

Camuflar o desacordo

Estar confortável com o desacordopúblico é outra grande fonte de conflito em equipas multiculturais. Membros deculturas que valorizam a harmonia do grupo podem ser aversos ao confrontoporque assumem que isso vai levar ao conflito e destabilizar a dinâmica dogrupo – resumindo, falhanço social. Em outras culturas ter uma “boa discussão”é, na verdade, um sinal de confiança. Pessoas de diferentes partes do Mundovariam quanto à quantidade de emoções que demonstram e que esperam dos outrosdurante um debate profissional.

Quando, por exemplo, pessoas deculturas Latinas ou Médio Oriente elevam as suas vozes, os colegas de culturasmais neutras superestimam o nível de oposição que está a ser transmitido. Por outrolado, quando pessoas da Ásia ou Escandinávia usam o silêncio e a linguemcorporal não muito explícita para transmitir oposição, a mensagem é normalmenteperdida em colegas mais emotivos.

A solução: Para encorajar umdebate saudável, é preciso considerar um ‘advogado do diabo’ cuja função sejaconsiderar e promover a rápida discussão dos desafios associados a diferentesproposições. O papel pode ir rodando. Outra opção é espalhar a mesmaresponsabilidade, perguntando às pessoas prós e contras sobre um assuntoparticular, para que todos se sintam livres para argumentar em ambos os lados,sem ficarem presos a posições em que são obrigados a defender.

Dar Feedback

Críticas construtivas são parte essencialdo trabalho de equipa global; ajuda a resolver alguns problemas inevitáveis –relacionados com pontualidade, estilo de comunicação ou comportamento emreuniões – isso agrava estereótipos e perturba colaborações. Mas o feedbackpode ser um campo cultural minado. Os executivos de culturas maisindividualistas ou orientadas para tarefas, como nos EUA, por exemplo, estãocondicionados a ver o feedback como uma oportunidade para o desenvolvimentopessoal; uma “prenda” entregada e recebida imediatamente, mesmo quando é emfrente a um grupo. Por contraste, pessoas de culturas mais coletivistas eorientadas para relações pessoais podem não estar acostumadas a dar ou ouvircríticas em público, mesmo que a equipa vá beneficiar disso. Para evitarconstrangimentos, podem preferir reuniões one-on-onenum ambiente informal, possivelmente durante ou almoço ou fora do local detrabalho.

Se vêm de culturas hierárquicas,como a Malásia ou o México, certas pessoas podem sentir que dar feedback aoscolegas não é da sua competência, entregando os seus inputs ao líder da equipa. As palavras que usam também podemvariar. Os executivos de culturas com contexto mais baixo, como a Holanda, porexemplo, tendem a ser muito diretos no feedbacks, enquanto aqueles que provêmde culturas em contextos mais altos, como a Índia ou Médio Oriente, frequentementetêm uma linguagem mais elaborada.

A solução: Os líderes devemencorajar os membros de equipas multiculturais a encontrar um terrenointermédio. As pessoas podem ser treinadas para ‘abrandar’ o feedback críticoatravés de um enquadramento positivo e/ou dirigir-se a toda a equipa, mesmoquando a mensagem só se aplica a uma pessoa. Por exemplo, se os prazos são umproblema recorrente, pode dizer-se “Na empresa apreciamos sempre quando todosestão em sincronia e quando o tempo é aproveitado ao máximo.” É sempreimportante moldar o comportamento e mostrar o que se espera e aprecia, fazendocríticas construtivas. Uma boa pergunta para começar é: “Revendo a reunião, oque é que se pode fazer, o que é que se pode mudar ou o que não se deve fazer?”

Além destas cinco soluçõesrápidas, as equipas precisam de antecipar conflitos culturais, desenvolvendo umclima de confiança onde os colegas se sintam confiantes para dizer o quepensam. Discutir uma potencial área problemática, logo no início, essa é umaboa forma de alavancar a diversidade do grupo, em vez de ver o progresso dogrupo paralisado pela multiculturalidade.

Texto adaptado do artigo da autoria de Ginka Toegel e Jean-Louis Barsoux publicado em 08 de junho de 2016 disponível http://tinyurl.com/hwg7cuh

Newsletter

Subscreva a nossa newsletter e fique sempre a par de todas as novidades

Formulário de dúvidas e denúncias

É importante para o Grupo Casais, conhecer as suas sugestões e reclamações, de forma a garantir que podemos melhorar continuamente.

Como colaborador, colaborador de um nosso parceiros, parte interessada ou testemunha pode denunciar situações de forma anónima, submeter informação sobre situações condenáveis ou denunciar ações ilegais, que violem políticas internas e/ou o nosso código de conduta de fornecedores.

As denúncias podem ser efetuadas de forma confidencial, indicando o nome e as informações de contacto ou, se quiser, de forma 100% anónima, deixando os campos em branco. Todas as denúncias serão tratadas de forma segura e confidencial.