Manter-se consciente quando se está em teletrabalho

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Não é surpresa nenhuma que o teletrabalho está a esgotar a nossa energia e resiliência. Há evidências de que todos estamos a trabalhar mais horas, sofremos de stress crónico, e níveis de burn out nunca antes visto. Ao mesmo tempo, desejamos e perdemos as nossas relações sociais e muitas vezes experimentamos uma solidão profunda e dor na solidão. Para ganhar energia, encontrar novamente o prazer no trabalho, e manter-se conectado com colegas e amigos, temos de encontrar formas de bloquear o barulho da nossa realidade virtual.

Uma das formas de pôr isto em prática é cultivar o mindfulness, mas online.

O Mindfulness é uma escolha que fazemos para estar presentes aqui e agora: este momento, nesta reunião, com esta pessoa ou grupo de pessoas. Os estudos mostram que a maioria das atividades da nossa vida profissional, sejam atividades individuais, reuniões de equipa e reuniões individuais, são mais benéficas se forem conduzidas na base do mindfulness. Ao fazer pausas, ver os outros, começar a reunião com momentos de meditação ou reflexão, os níveis de stress baixam e sentimo-nos mais ligados ao nosso propósito e aos outros que estão na sala. Nós ouvimos melhor e sentimo-nos mais felizes.

Mas como é que se consegue estar focado no mundo do teletrabalho? Como é que se consegue estar com os outros quando estamos fisicamente mais distantes, do que nunca?

Aquilo que aprendemos em 2020 é que o teletrabalho não tem de ser uma barreira à nossa capacidade de estar presente e liderar, ser solidário e ligar-se aos colegas e construir comunidades profissionais fortes. Ao contrário da sabedoria popular, não é preciso ir para o cume de uma montanha ou ter uma almofada de meditação para praticar o mindfulness. Pode fazê-lo a partir de casa se:

  • Fizer uma pausa e observar onde é que está a mente pensante;
  • Trazer, propositadamente, a consciência das pessoas e o contexto que vive virtualmente;
  • Parar as suas próprias narrativas, ordem do dia, julgamentos, e o ego e estar totalmente presente enquanto está online, demonstre isso mantendo o contacto ocular, expressões faciais carinhosas e atenciosas, e minimize as multitarefas.

Pode aplicar estes três princípios de mindfulness na gestão e liderança online.

Do fazer ao estar: Ofereça a sua presença. A ação é a bandeira dos gestores. É por isso que eles se destacam e são avaliados: fazer, alcançar, produzir, organizar e controlar. Os novos e remotos ambientes de trabalho, impulsionaram os líderes para padrões excessivos de “fazer”. Mas por vezes, o que está a ser e como está a fazer pode ser mais importante do que as suas ações.

Para cultivar a confiança e motivar e inspirar os outros, preste atenção à forma como está a lidar com eles. Está apressado ou distraído? Tem o seu pensamento na reunião seguinte ou na sua lista de afazeres? Para melhorar a qualidade da sua liderança com os outros, reflita, por momentos, sobre o seu estado físico e emocional quando entra numa reunião. A sua presença virtual, que energia é que transmite aos seus colegas ou clientes? Vai trazer para esta reunião assuntos de reuniões anteriores? Vai oferecer um sentimento de serenidade e tranquilidade?

A presença ou a ausência são notadas. Quando alguém está a falar, aproveita este tempo para ver o seu email, enviar uma mensagem, ou marcar uma reunião? Pode até pensar que nada disto se vê nas reuniões online. Mas tal como acontece nas reuniões presenciais, os participantes virtuais percebem se estamos ou não com eles, as emoções e atenção são transmitidas, sentidas e contagiantes mesmo através das fronteiras virtuais. Mesmo em grandes acontecimentos, a audiência pode sentir se o orador está verdadeiramente com eles, e o orador sabe se a maioria da audiência está com ele.

Dê o exemplo quando está a trabalhar remotamente. Tente manter a câmara ligada e peça aos outros para o fazerem se possível. Certifique-se que as outras pessoas sentem a sua presença ao manter contacto visual, e utilize o corpo e a postura para mostrar interesse e empatia. Se percebe que não se consegue desconectar, desligue as notificações de email tão aliciantes nesta altura.

Apesar de mudar a forma de ser não significa que não consiga fazer as coisas. E estas mudanças na sua concentração e consciência não demoram mais do que uns minutos. Mas têm impacto em si e naqueles que trabalham consigo.

Do futuro ao presente: esteja aqui, agora. Aos gestores é pedido para planear o futuro. Porém, têm de ter sempre presentes os objetivos do próximo mês ou os lucros do próximo ano, o que faz com que perca o dia de hoje. Esquece-se de oportunidades importantes de conexão e capacitação se estiver a planear o próximo passo ou a preocupar-se com algo que pode nem acontecer. Pare um momento para recuar no mundo dos negócios e observe as tarefas com perspetiva, olhe varanda abaixo. O quê ou quem é importante neste momento? Pergunte-se: Estou a adiar a vida, a pensar que tudo de bom chega no próximo mês, no próximo ano, ou quando as restrições da pandemia terminarem?

Adiar a vida pode levar à infelicidade e stress. Nós resistimos quando sabemos que a situação pode melhorar, mas acabamos por não ver todas as coisas belas à nossa volta: uma refeição divertida em família, uma caminhada ou corrida matinal, a partilha de um momento especial ou uma celebração com os colegas.

Da próxima vez que estiver numa reunião e a sua mente divagar, tente encontrar-se. Junte a sua mente ao seu corpo, ao momento presente, ao aqui e agora. Tire uns segundos para ancorar a sua consciência no agora tirando partido dos seus sentidos. Olhe lá para fora se puder, delicie-se com o céu ou com os espaços verdes que sejam visíveis. Relaxe os seus ombros e a mandíbula. Expire. Estes breves momentos de conexão aos sentidos físicos são a saída para estar mais presente. Dizer algumas palavras de gratidão com as pessoas que aparecem nas reuniões e agradecer o que tem agora pode ajudar os outros a prestar mais atenção. Eles podem perceber que estiveram desligados e podem querer ligar-se. A prática de técnicas de mindfulness, como estas, tem revelado uma mudança no humor, promove o bem-estar e melhora a saúde psicológica em geral.

De mim para si: apoiar a conectividade e a comunidade. Quando as pessoas estão a falar, onde é que está o seu pensamento? Está com os outros? Ou está a aguardar uma abertura para dar a sua opinião ou experiência? Será que consegue suspender a sua ordem de trabalhos e o seu ego para ouvir o que as pessoas na sua equipa precisam? Procure aprofundar a sua capacidade de ouvir. Tente ouvir sem querer que as pessoas solucionem problemas ou (talvez silenciosamente) que vençam algo. Ouvir profundamente é generosidade.

Encoraje as pessoas a falar e andar para a frente. As pessoas vão apreciar isto e vão-se sentir mais acreditados, e acabam por encontrar o seu próprio caminho e solução.

Ao longo do nosso trabalho, descobrimos que as reuniões virtuais podem diminuir as barreiras para as pessoas falarem e dar a sua opinião e sentirem-se ouvidas e sentidas. Por exemplo, ferramentas como “levante a mão” e funções de chat podem permitir aos presentes dar o seu contributo. Também o facto de cada um dos presentes ter uma janela do mesmo tamanho, pode diminuir estereótipos, hierarquias e potenciar disparidades físicas e marcadores de estatuto. Como líder consciente, esteja atento a quem está presente e preste particular atenção à inclusão. Agradeça o contributo das pessoas, principalmente daqueles que normalmente não dizem muito.

Endereçar expressões de abertura e vulnerabilidade pode ajudar a cultivar a cultura do apreço e segurança psicológica. Como líder, pode oferecer alguma vulnerabilidade sobre onde está agora, o que vai dar abertura aos outros de expressarem como verdadeiramente estão. Pode ter de ajudar nas necessidades de uma criança doente ou algum parente doente que precisa de cuidados. As circunstâncias do trabalho online podem-nos levar a pensar que temos de ser mais realistas. As pessoas ligam-se às reuniões a partir das suas salas de estar e dos seus quartos. Todos têm famílias, animais de estimação, e outras necessidades de acomodação. Tivemos que retirar as máscaras do escritório, a nossa maquilhagem, e a nossa identidade de trabalho a permitir que os outros nos vissem mais aprofundadamente. Isto é sem dúvida uma grande coisa.

Texto adaptado do artigo da autoria de Alyson Meister and Amanda Sinclair, na edição da revista da HBR da edição de março de 2021, e disponível em https://bit.ly/3yKQcyI.

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