4 coisas que os empreendedores fazem de diferente

empreendedores fazem de diferente

Texto traduzido e adaptado de Ruth Gotian 

“Já todos ouvimos o ditado, “Escolhe um trabalho que gostas e não terás de trabalhar mais um dia na vida.” No entanto, um estudo recente da Gallup mostra que a maioria das pessoas não gosta do que faz. Apenas 21% dos funcionários estão comprometidos com o trabalho e 33% lutam pelo seu bem-estar geral. Individualmente, e em grupo, parece que perdemos a esperança no futuro. As pessoas querem ser bem-sucedidas, mas o caminho para o sucesso é obscuro. Ninguém acorda e querer estar num patamar superior, mas todas as informações que recebemos, consciente ou inconscientemente, parece levarem nos a querer atingir esse nível inatíngivel.

No trabalho, o nosso desempenho é avaliado com base em referenciais. Somos impulsionados a atingir níveis razoáveis. A avaliação anual de desempenho tem sempre por base se estamos abaixo ou acima da média. A média é a meta, o que é uma pena, pois os grandes empreendedores que superam os padrões são 400% mais produtivos do que o funcionário médio.

E se a média fosse o nosso chão em vez do nosso teto?

Durante quase uma década, entrevistei dezenas de grandes empreendedores, desde astronautas a medalhas de ouro dos Olímpicos, passando pelos vencedores do Prémio Nobel. Todos para o meu livro “O fator do sucesso”. O mais revelador é que, independentemente da área de cada um deles, todos os grandes empreendedores tinham quatro coisas em comum, e qualquer um de nós pode adaptar estas quatro coisas ao seu próprio estilo de vida. Não quero dizer copiar os seus hábitos, mas sim imitar as mentalidades destes empreendedores.

1) Explore a sua motivação intrínseca.

Porque é que escolheu a sua profissão? Entender o porquê de ter escolhido a sua profissão é crucial, pois só assim contacta diretamente com as suas motivações mais profundas, bloqueia as distrações, e potencialmente ajusta (ou volta a comprometer-se) com o seu caminho atual.

A título de exemplo, o Dr. Anthony Fauci, o diretor da NIH, Instituto Nacional para as Alergias e Doenças Infeciosas, está motivado para ajudar os outros. Quando lhe perguntei como é que escolhe os problemas a que se dedica, ele respondeu-me que escolhe as situações que considera importantes, não apenas interessantes. Este sentimento repetiu-se com muitas das pessoas com quem falei. Estavam mais interessadas em fazer o trabalho que cujo impacto ia para além deles próprios. Para os empreendedores de alto desempenho, não são só as medalhas, os prémios ou os bónus e as promoções que contam.

A este propósito, são poucos os medalhados nos Jogos Olímpicos que mantêm as medalhas expostas, para todos verem. A maioria coloca as medalhas num cofre, na gaveta de mesinha de cabeceira, numa estante, ou como é o caso do atleta de desportos de inverno mais condecorado, Apolo Ohno, que coloca as medalhas num saco de papel e na gaveta das meias. Todos afirmaram que gostam do que fazem, nem se conseguem imaginar a fazer outra coisa, e até o faziam de graça se pudessem. Na realidade, ainda não conheci nenhum medalhado que tivesse abandonado a sua profissão, depois de ter recebido a maior condecoração na sua área. “Isso é apenas um capítulo da minha vida, não a viagem completa” foi uma das frases que mais se repetiu.

O que é que pode fazer

Para perceber quais as suas motivações intrínsecas, tem de perguntar a si mesmo: O que é que alimenta a minha curiosidade? Está alinhado com o que me motiva para trabalhar? Se estiver apenas focado em fatores externos (prémios), pode muito facilmente atingir o burnout.

Recomendo a criação de uma auditoria de paixão, que vai ajudar a diferenciar aquilo em que somos bons e aquilo em que não somos, e quais as coisas que gostamos de fazer e aquelas em que procrastinamos. Procure temas e tente perceber como é que pode incluir algumas das tarefas mais apaixonantes da sua carreira. Não precisa de ser muito. Um estudo da Mayo Clinic mostra que os médicos passam cerca de 20% do seu tempo a fazer algo que gostam, o que reduz significativamente níveis de burnout.

2) Não fique desconfortável com o fracasso.

A Dra. Peggy Whitson é bioquímica e trabalhou para a NASA. Sempre sonhou ser astronauta, mas viu-se confrontada com muitos obstáculos. Durante uma década, candidatou-se a astronauta, mas foi sempre rejeitada. Nunca desistiu, depois da primeira, da segunda ou até mesmo da terceira rejeição. Por cada vez que enfrentava um obstáculo, perguntava-se a si mesma, “Qual foi a estratégia que não pensei desta vez?” Ela aproveitou o que aprendeu na NASA para se tornar uma candidata a astronauta, mas competitiva.

Foi muito bom para a Dra. Whitson não ter permitido que todas as rejeições diminuíssem a sua motivação pois ela acabou por ser a primeira mulher a ser comandante da estação espacial internacional (uma posição que ocupou duas vezes), passou mais dias no espaço do que qualquer outro astronauta americano, e tornou-se na astronauta chefe da NASA.

Algumas pessoas têm medo de fracassar, enquanto outras têm medo do sucesso. Os grandes empreendedores têm medo de “não tentar” mais do que têm medo de fracassar. A questão para estes empreendedores não é se eles conseguem ultrapassar o desafio; estão sempre mais focados em saber como é que o conseguem ultrapassar. Eles consideram estratégias alternativas e trabalham afincadamente para controlar e ignorar as distrações.

Pode ter ouvido muita coisa, mas nem todos os grandes empreendedores acordam às cinco da manhã para fazer o seu trabalho, principalmente se não gostam de acordar cedo. As pessoas com quem falei, aprenderam a rentabilizar as horas em que são mais produtivos.

O que é que pode fazer:

Para alcançar um nível de concentração semelhante, considere uma abordagem em dois passos. Aprenda a potenciar as suas horas cognitivas, aquelas em que a sua capacidade de concentração é maior, e despenda esse tempo com as atividades que exigem mais concentração, evitando tarefas menos exigentes como responder a emails, ou marcar reuniões via Zoom. Estas coisas podem ser feitas quando está mais cansado.

Em segundo lugar, ponha em prática picos de produtividade, utilizando uma boa gestão de tempo como por exemplo o método Pomodoro, que lhe permite trabalhar e fazer pausas com horários pré-definidos. Se o trabalho que estiver a desenvolver nesta altura não está a ter os resultados que esperava, então o melhor é parar. Utilize esse tempo para pensar numa forma diferente de abordar a situação.

3) Reforce a sua base

A semana em que são anunciados os Prémios Nobel, a comunicação social anda num frenesim à procura dos recém galardoados, indo aos seus locais de trabalho habituais. Apesar dos prémios que recebem, os grandes empreendedores não se deixam levar pela gloria dos prémios. Mesmo que façam uma tarefa vezes sem conta, eles continuam a trabalhar na base do seu sucesso presente e futuro. Por isso é que o campeão da NBA, Kobe Bryant, se tornou famoso, pois fazia sempre os exercícios de aquecimento que qualquer aluno faria numa aula de educação física.

Neal Katyal é um outro exemplo. Defendeu 48 casos antes de chegar ao Supremo Tribunal dos Estados Unidos. Ele disse-me que ainda prepara um conjunto de respostas para possíveis perguntas que lhe podem colocar, simula sessões do tribunal, e ensaia muito bem o seu discurso de abertura, de modo sucinto que até os seus filhos conseguem perceber.

Aos militares também é dito que o treino duro, permite uma luta fácil. É a estratégia que os maratonistas utilizam, quando treinam em altitudes superiores à maratona, assim é mais fácil correr a maratona numa condição normal.

O que é que pode fazer:

Pense nas competências obrigatórias para a sua profissão e imagine como se pode basear nestas competências e aprender com elas. Em vez de as perder, imagine como seria se estas competências surgissem de modo automático de cada vez que está sob pressão. Precisa de praticar mais? Precisa de praticar em situações de pressão? Ambas as situações vão aprimorar as suas competências.

4) Transforme-se num aprendiz para toda a vida.

Os empreendedores de alto desempenho com quem falei, estão sempre disponíveis para aprender, embora, raramente aconteça na sala de aula. O debate com os mentores, colegas, companheiros, pupilos, leituras, observação de colegas, visualização de vídeos, ouvir podcasts, tudo isto são fontes de informação que utilizam e que aumentam o reservatório de conhecimento.

Christopher Wadell, por exemplo, foi toda a vida esquiador, até ao dia em que um acidente lhe impediu de utilizar o seu corpo. Ele queria regressar às pistas de esqui e percebeu que era possível, quando alguns anos antes, viu um sobrevivente de uma doença cancerígena, com uma perna apenas em cima de um monoesqui. Esta memória ficou com ele, e levou-o a aprender a esquiar num novo formato. Atualmente, Christopher Wadell é um homenageado Paralímpico. Ganhou 13 medalhas, cinco delas de ouro.

Muitos dos vencedores do prémio Nobel, também conseguiram inspiração devido à sua abertura e curiosidade. Muitos destes premiados admitiram que as suas melhores ideias aconteceram durante conversas casuais, com colegas no café ou na lavandaria. As conferências, pausas para café, refeições em grupo, não servem apenas para formar uma rede de trabalho. É nestes ambientes que muitas vezes surgem e se desenvolvem novas ideias.

O que é que pode fazer:

Para aumentar a sua base de conhecimento, que pode passar por estabelecer relações que os outros não percebem, relacione-se com pessoas interessantes, e esteja aberto a novas ideias. Rodeie-se de uma equipa de mentores que lhe proporcionam desafios e lhe permitem experimentar situações novas. Opte por ideias novas e escolha uma plataforma para as encontrar – leitura de livros, artigos, ver webinars, tirar cursos no Linkedln, ou ouvir entrevistas e participar em conversas.

As pessoas querem o sucesso, mas há uma falta de compreensão e discussão de como se alcança mais, e mais importante, onde se vai buscar a motivação para se alcançar o sucesso. Ao aprender com as lições daqueles que já foram longe, podemos fazer da média o nosso objetivo, não o nosso fim.”

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