Artigo traduzido e adaptado de “5 Techniques to Build a More Powerful Speaking Voice “
À medida que as organizações se tornam mais complexas, rápidas e interligadas, uma das competências-chave que distinguirá os líderes será a forma como se apresentam e comunicam. Contudo, há um aspeto fundamental da comunicação eficaz que é frequentemente negligenciado: a capacidade de controlar a estabilidade e o som da sua voz. A qualidade da sua “presença vocal” pode transformar não apenas a entrega da sua mensagem, mas também o seu impacto.
Como professor, orador profissional e consultor, penso muito e trabalho com a minha voz. Estou frequentemente em palco, a lecionar, apresentar e participar em painéis de discussão. Obviamente, o conteúdo é importante, mas também é a qualidade da minha voz que determina se o público se mantém envolvido. Durante anos, lutei com a minha voz e a minha respiração. Durante apresentações importantes, ficava nervoso, a minha respiração secava a garganta e a minha voz falhava, tornando difícil falar. Mesmo quando conseguia controlar os nervos, sentia um cansaço geral sempre que tinha de falar por um período prolongado. Tentei vários remédios, como respirar profundamente antes de subir ao palco e focar a atenção no abdómen inferior ao inspirar, mas nada funcionava de forma eficaz e consistente.
Em 2012, cruzei-me com Robin De Haas, um treinador vocal sediado em Lausanne, Suíça. Paradoxalmente, Robin, que nasceu com uma fenda palatina severa, nunca deveria ser capaz de falar normalmente. Durante os primeiros 10 anos da sua vida, os médicos que o tratavam nunca se cansaram de lhe dizer isso a ele e aos seus pais. No entanto, esta limitação instilou nele um profundo desejo de compreender a voz humana; inicialmente, para se ajudar a si próprio, e mais tarde para apoiar outros com as suas dificuldades vocais. Durante a sua jornada para descobrir a sua própria voz, Robin trabalhou com muitos treinadores vocais famosos de todo o mundo, e essencialmente descobriu que eles não o podiam ajudar.
Tudo mudou para Robin quando conheceu Lynn Martin, professora de anatomia funcional na Universidade de Nova Iorque. Embora não fosse especialista vocal, ela tinha estudado com Carl Stough, um treinador de respiração que ajudou a equipa de atletismo dos EUA de 1968 a ganhar oito medalhas de ouro olímpicas nas condições de alta altitude da Cidade do México. Ao trabalhar com Lynn Martin, Robin desenvolveu uma perceção do movimento, da sua distribuição e do seu tempo, algo inexistente no treino vocal e respiratório tradicional. Em outras palavras, Martin ensinou-o a ver a voz como a manifestação audível da eficiência dos movimentos internos do mecanismo respiratório.
5 Exercícios Simples para Melhorar a Sua “Presença Vocal”
Através do seu estudo aprofundado das dinâmicas anatómicas relacionadas com a respiração, Robin identificou cinco exercícios simples e funcionais para melhorar a presença vocal. O objetivo principal destes exercícios é distribuir o movimento na sua caixa torácica de forma mais uniforme, para que possa aprender a controlar melhor a sua voz. Pode realizar estes exercícios simples em sequência sempre que tiver de falar em público. Eu uso-os todos os dias.
Exercício #1: Conecte a sua respiração ao seu corpo.
Primeiro, veja como está a sua respiração hoje, realizando um som de sibilo suave, mantendo-o o tempo que for confortável. Veja se sente alguma contração em alguma parte do corpo no final do sibilo.
Depois, mova lentamente cada membro durante 30 segundos, um de cada vez, de forma circular: desenhando um círculo lento com o pé no chão para os membros inferiores e realizando um círculo lento com o ombro para os membros superiores. Sibile novamente e veja se sente alguma diferença. O objetivo é reeducar-nos para exalar por mais tempo, pois na natureza é isso que fazemos na ausência de perigo. Enquanto a resposta de luta ou fuga é uma inspiração curta e puxada, a expiração sinaliza o oposto: a ausência de perigo.
Exercício #2: Foque-se na expiração.
Lee Evans, o atleta olímpico vencedor da medalha de ouro, foi aconselhado por Carl Stough a parar de “colocar ar mau sobre ar mau” e, em vez disso, focar-se primeiro na expiração. Embora faça sentido enfatizar a importância da respiração, a fisiologia real da respiração é frequentemente ignorada. Se pensar no ciclo respiratório como uma inspiração seguida de uma expiração, acaba por adicionar ar supérfluo aos pulmões. Em vez disso, é muito mais útil pensar no ciclo respiratório como uma expiração que é então seguida naturalmente por uma inspiração, uma vez que a expiração esteja concluída.
Para praticar isto, coloque a mão em frente à boca, abra a boca e sopre na mão como se quisesse embaciar um espelho silenciosamente. Sinta um calor suave na mão e mantenha esse calor constante durante toda a expiração, deixando-o diminuir gradualmente no final (desta expiração não forçada). Depois, receba a próxima inspiração silenciosamente pelo nariz. A frase “Quando em dúvida, expire” capta bem a importância da expiração.
Exercício #3: Fale no fluxo de ar.
Com base no Exercício #2, pode aprender a falar no fluxo de ar quando expira. O calor suave na mão tem um início e um fim. Sentir o início sinaliza que começou a expiração, através da qual pode falar. O momento do início da voz deve idealmente coincidir exatamente com o momento em que o ar está a sair de si. Pratique alternando o calor na mão e iniciando um som de “v” a zumbir nesse exato momento. Depois, ao falar, mantenha a mesma sensação em termos de tempo. Notará rapidamente que iniciar o som exatamente quando o ar flui é mais fácil.
Exercício #4: Explore variações vocais.
As variações vocais são fundamentais para comunicar uma mensagem. Usar bem a sua voz inclui aquecê-la para que possa ter qualidades flexíveis de volume, cores (variações de tom e emoção) e timbre (a qualidade ou textura única da sua voz).
Com base no exercício anterior, sustente o som de “v” e varie o seu volume e tom. Para variar o volume, pressione o lábio inferior nos dentes superiores para um som mais alto. Para variar o tom, comece numa gama confortável e deslize gradualmente para cima e para baixo, sem soprar mais ar. Depois, conte de um a cinco e ouça a cor da sua voz. Em seguida, conte novamente, mas desta vez, brinque com diferentes estados emocionais enquanto conta (severo, interessado, divertido, triste, neutro, stressado, feliz) e use um dispositivo de gravação para ver como a cor da sua voz muda com os diferentes estados.
Exercício #5: Conecte a voz e a mente.
A forma como comunica é influenciada pelos seus pensamentos, valores e crenças. Pode facilmente perder essas conexões mentais, a menos que dedique tempo a explorá-las e depois as conecte deliberadamente à sua voz.
Para praticar esta conexão, comece por escrever uma frase que possa ter de dizer num ambiente público, como “Boa noite a todos, desejo-vos as boas-vindas ao evento desta noite.” Depois de ter a frase escolhida, grave-se a dizê-la de forma neutra. Em seguida, comece a imaginar as pessoas reais com quem estaria a falar, quem são, o que pensarão da sua apresentação, como se sentirão, como se sentirá por finalmente ter chegado a grande noite e o que deseja transmitir-lhes através do seu discurso. Quando estiver pronto, grave-se a dizer as mesmas palavras novamente e veja se faz alguma diferença.
Numa era em que os elementos humanos da liderança são mais importantes do que nunca, dominar a liderança vocal não é apenas um aprimoramento da capacidade executiva — é uma dimensão essencial de como inspiramos, conectamos e mobilizamos os outros em direção a objetivos comuns. Através da prática consciente da coordenação da respiração e das técnicas vocais, pode desenvolver uma presença mais autoritária, autêntica e envolvente que ressoará profundamente com o seu público.
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