Como gerir o feedback como um atleta olímpico 

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Artigo traduzido e adaptado de “How to Manage Feedback Like An Olympic Athlete”

Enquanto apoiava a equipa feminina de volleyball americana, como psicólogo de desempenho, durante os jogos olímpicos de Londres em 2012, Nicole Davis, um elemento importante da equipa abriu-se sobre o sistema implacável de feedback que comandava cada um dos seus movimentos como uma atleta olímpica: “Durante oito anos, cada bola que toquei ou não toquei, cada decisão que tomei no campo, cada hora que estive no ginásio foi observada e contabilizada. Isso transformou-se numa medida do meu progresso e do meu potencial para subir ao pódio olímpico. “A sua vida era um verdadeiro aquário.”

Este feedback não dizia apenas respeito aos aspetos físicos do jogo. A dieta da Nicole, o horário de sono, a saúde mental e até mesmo as suas atividades de lazer eram vistas segundo o impacto que poderiam ter no seu desempenho físico. A ideia de um dia de folga, tornou-se em algo estranho. Os dias de descanso eram estratégicos, não um alívio. As suas férias eram muitas vezes focadas na recuperação e saúde mental do que lazer e exploração. A Nicole que agora é minha colega na Finding Mastery, diz que a pressão omnipresente para manter e superar os seus padrões de desempenho, significava que cada escolha que fazia tinha de contribuir para o seu sucesso olímpico.

Viver debaixo do peso do escrutínio e comparação ensina, não só, a estes atletas a exceder-se no seu desporto, como também, a aproveitar o feedback para uma melhoria continua. Aprender a discernir qual o feedback que se deve aceitar e qual é o filtro que melhor nos ajuda a prosperar, e estas lições aplicam-se a qualquer um de nós.

Porque é que é tão difícil de receber feedback

Para a maioria das pessoas, o feedback é difícil de receber pois quando tem valor vem associado aos resultados de desempenho, assume-se como uma ameaça direta à nossa identidade, por oposição a uma informação valiosa sobre como melhorar. A nossa identidade está muitas vezes associada ao nosso desempenho em determinada área.

Para nos protegermos, muitas vezes, instintivamente, pomos de lado ou minimizamos este feedback, mas ao fazer isso, estamos a perder o conhecimento valioso que nos poderia ajudar a melhorar. Em vez de nos focarmos no progresso e ativamente tentar alcançar os nossos objetivos, estamos preocupados em evitar os erros, que muitas vezes esconde a nossa capacidade de alcançar o sucesso que tanto desejamos.

Perde-se na resposta defensiva o reconhecimento de que o feedback é realmente sobre o comportamento, e não sobre a pessoa.

De que forma é que os atletas olímpicos fazem a gestão do feedback

Tive o privilégio de trabalhar com equipas dos últimos quatro jogos olímpicos, e mais recentemente em Paris com a equipa de volleybal de praia com as atletas de prata Brandie Wilkerson e Melissa Humana-Paredes, e identifiquei algumas estratégias de feedback da arena olímpica que podem ser utilizadas no mundo dos negócios.

Forme um círculo de conselheiros em quem confia o feedback.

A base da estratégia do feedback olímpico é procurar estabelecer um compromisso para ser melhor a cada dia. Deixe a melhoria ser a sua Estrela do Norte, e deixe que guie cada ação e decisão.

Os atletas olímpicos reconhecem o benefício de ter uma equipa que consegue perceber os seus pontos mais fracos, responsabilizá-los e estruturar as suas práticas e hábitos, direcionando os esforços. Para construir uma equipa que possa dar feedback claro, honesto e gentil sobre como melhorar, identifique um pequeno grupo de pessoas em quem pode confiar. Estas pessoas podem ser familiares, amigos, colegas, mentores ou especialistas. A lista deve ser pequena. Certifique-se que cada pessoa esteja comprometida em apoiar e proteger.

Pergunte-se a si mesmo: quem é que está do seu lado? Quem é que verdadeiramente o entende, não apenas uma versão resumida e refinada, mas a versão que luta, que se esforça e se sente vulnerável enquanto tenta entender a vida que está a viver. Quem é que é fiel à verdade? Em quem é que pode confiar para ser honesto consigo? Quem é que viveu uma vida que respeita?

Separe o feedback útil de opiniões

As opiniões e o feedback podem parecer semelhantes, mas as opiniões, em primeiro lugar, refletem os pensamentos e as perspetivas daquele que as dá, enquanto o feedback é desenhado para beneficiar e guiar aquele que é o seu recetor.

As opiniões refletem pontos de vista individuais, partilhados para partilhar sentimentos ou pensamentos, e na maioria das vezes não são solicitadas. Pelo contrário, o feedback é específico, baseado em observações, útil, e é dado com o objetivo de promover o crescimento, normalmente como resposta a um pedido.

Quando trabalhei com o Seatle Seahawks, trabalhávamos sob o lema de que “nós sabemos” a verdade sobre o que está a acontecer na nossa equipa. O mundo exterior – os média e os fãs – apenas lançavam as suas opiniões, e algumas até podiam atingir um ponto sensível de vez em quando, mas não deixavam de ser opiniões, não eram feedbacks úteis. Os atletas olímpicos não são diferentes. Eles estão concentrados no feedback daqueles que os conhecem – e o resto é ruído.

Tente gerir a sua resposta emocional.

Além do seu grupo de confiança, você é o seu próximo melhor feedback. É um diapasão melhor do que a maioria das pessoas à sua volta, só você sabe se os seus pensamentos, emoções e fisiologia estão em harmonia ou dissonância. Essa consciência permite identificar mudanças subtis no seu estado físico e mental, fornecendo feedback imediato e preciso sobre o que está ou não a funcionar.

As emoções podem distrair e obscurecer as lições que acompanham os desafios e os contratempos. Para desbloquear as informações valiosas dentro das suas experiências, assim como os atletas olímpicos, pode aprender a gerir as emoções de forma eficaz.

Preste atenção ao que desencadeia os seus sentimentos e como eles afetam os seus pensamentos e ações. Quando encontrar emoções fortes, reserve algum tempo para refletir e fazer uma pausa. Em vez de reagir impulsivamente, considere o que a emoção sinaliza ou como é que se relaciona com a situação em questão. Mude o seu foco do turbilhão emocional (o ruído) para os insights dentro da experiência (o sinal). Pergunte-se o que é que não correu bem, o que é que pode ser melhorado e quais as lições que pode retirar.

Comprometa-se a aplicar o feedback útil que recebeu

Os atletas olímpicos incorporam meticulosamente as sugestões nos seus regimes de treino e esforçam-se por fazer mudanças tangíveis, estabelecendo um padrão elevado de como usar o feedback de forma eficaz. Esse compromisso com a ação é o que muitas vezes distingue os atletas de elite dos restantes.

A maioria das pessoas pode reconhecer o feedback, reconhecer o seu valor e até mesmo expressar intenções de mudança. No entanto, muitas vezes não conseguem implementar o feedback de maneira consistente. Essa lacuna entre intenção e ação pode surgir de vários fatores, incluindo a falta de um plano claro, baixa motivação ou o desconforto de alterar hábitos enraizados.

Para acabar com essa lacuna, deve-se procurar desenvolver uma abordagem sistemática para incorporar o feedback. Devem ser delineados passos específicos para integrar o feedback na rotina. Assim como, manter um registo dos esforços e melhorias. Faça disto uma parte regular da rotina, em vez de um esforço único. Se alguma coisa não estiver a funcionar como esperado, deve haver disponibilidade para ajustar a abordagem.

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Com uma estratégia de feedback olímpica em vigor, não vai precisar de avaliar cada feedback que recebe. Reconhecer a diferença entre a crítica destinada a derrubar e as orientações que visam fortalecer consome muitos recursos internos.

Portanto, à medida que navegamos pela vida, devemos aplicar esta mentalidade olímpica. Devemos ser seletivos quanto ao feedback que interiorizamos e devemos usá-lo como uma ferramenta para o desenvolvimento pessoal e profissional. Devemos separar aquilo que fazemos daquilo que somos, garantindo que, enquanto procuramos a excelência nas nossas vidas diárias, permanecemos ancorados no nosso valor inerente. Essa abordagem não só nos preparar para a próxima competição ou marco profissional, como também nos equipa para o desafio intricado e bonito que é viver.

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