Traduzido e adaptado de How to Become a Better Strategic Thinker
Tendo trabalhado com mais de meio milhão de gestores ao longo dos últimos 20 anos, a ajudar a aguçar as suas capacidades de pensamento estratégico, apercebi-me que muitos gestores com um forte potencial são injustamente rotulados de “táticos, não estratégicos”, o que faz com que as suas carreiras fiquem estagnadas. Durante muito tempo, determinar se alguém era mais tático ou estratégico dependia de palpites em função dos títulos da profissão, instintos e observações escolhidas a dedo.
Os CEOS e os gestores talentosos disseram-me que necessitavam de uma orientação para ajudar os funcionários de elevado potencial na sua transição de táticos para estratégicos. Para desenhar este mapa, questionei 2.586 gestores desde a América do Norte, Europa, África e Ásia para compreender melhor os verdadeiros desafios que enfrentavam ao desenvolver, comunicar e executar as suas estratégias. Identifiquei três comportamentos chave, que podem ajudar todos aqueles que foram rotulados de “táticos, não estratégicos”.
PERSPICÁCIA
A perspicácia tem a ver com a forma como pensamos: a sua capacidade para compreender uma situação, gerar novas ideias capazes de mudar do estado atual para o estado futuro desejado, e resolver desafios para criar valor. A perspicácia é composta por três outros componentes:
- Consciência do contexto que nos dá uma visão geral. Compreender a situação interior (cultura, objetivos, processos, etc.) e a situação externa (tendências de mercado, comportamentos dos clientes, cenários competitivos, etc.) ajuda-nos a alocar recursos para atingir os nossos objetivos.
- Visão refere-se à capacidade para gerar aprendizagens a partir da consciência, do contexto. Isto exige curiosidade e uma mentalidade exploradora. Uma característica chave dos pensadores estratégicos é a disciplina para continuamente gravar, categorizar, partilhar e refletir sobre o conhecimento.
- Inovação é quando canalizamos a nossa consciência do contexto e conhecimento para criar valor. Normalmente, surge do pensamento envolvido na resolução de desafios ou problemas.
Para avaliar a perspicácia, faça a si próprio as seguintes questões:
- Avalio, com regularidade, o ponto de situação dos meus negócios, quer de uma perspetiva interna, quer de uma perspetiva externa?
- Partilho conhecimento importante com a minha equipa?
- Na resolução de problemas, mantenho-me fiel ao que já foi testado, ou procuro novas abordagens?
ADJUDICAÇÃO
Adjudicação está relacionado com a forma como planeamos. Os pensadores estratégicos definem objetivos, distribuem recursos, reconhecem os riscos e compensações quando tomam decisões, e criam vantagens ao oferecer um valor superior. Onde investe os seus recursos – tempo, talento e capital – é um condutor primário da sua eficácia e exige os seguintes componentes:
- Capacidade de concentrar recursos: Os recursos são, geralmente, finitos e sem disciplina, podem ser demasiado dispersos para terem impacto na concretização das metas e objetivos. Uma abordagem estratégica implica a capacidade de concentrar recursos, a coragem para compensar, e a vontade de assegurar que o uso de recursos está alinhado com a intenção estratégica.
- Tomada de decisão: Em vez de simplesmente aceitar o nível mais básico, os pensadores estratégicos criam uma série de alternativas. Uma vez que as compensações são feitas mediante cada decisão, eles analisam os prós e os contras de cada alternativa, assim como, o nível de risco aceitável.
- Vantagem competitiva: o objetivo principal da estratégia é criar um benefício, ganhar ou ter lucro. Uma vantagem competitiva forma-se quando a configuração dos recursos e as atividades resultam na criação de valor superior para os clientes em relação aos concorrentes. Quando uma vantagem é alcançada, os pensadores estratégicos continuam a evoluir diligentemente de modo a estarem sempre à frente da concorrência.
Para perceber se é um adjudicador eficaz, faça a si próprio as seguintes questões:
- Será que eu movimento, proativamente, recursos de áreas com um desempenho mais baixo para áreas com mais potencial?
- Será que estou a dedicar o meu tempo em atividades que estão alinhadas com os meus objetivos?
- De que modo é que me posiciono face ao meu concorrente?
AÇÃO
A ação significa preparar aquilo que faz. Preparar uma estratégia de negócio é apenas um dos passos; o modo como implementas a estratégia determina o seu sucesso. Isto exige a capacidade de colaborar com os outros, realizar estratégias para alcançar os objetivos e otimizar o seu desempenho pessoal.
- Colaboração é a sua capacidade para trabalhar com os outros, para trocar conhecimento, informações e visão. Competências comunicativas – verbais, visuais e escritas – são fundamentais para uma colaboração de sucesso, pois esta é a capacidade de ouvir sem julgar, pois, permite-nos abordar a interação com uma mente aberta, recetiva a novos caminhos a seguir.
- Execução implica a aplicação disciplinada de recursos para alcançar os nossos objetivos. Requer foco e disciplina para combater as constantes interrupções, ruído e objetos apelativos que nos podem desviar do caminho. Muitas vezes a execução é tida como tática, é um componente estratégico, pois o conhecimento que não está atualizado vai enfraquecer numa obscuridade não produtiva, reduzindo o valor que pode acrescentar.
- Desempenho Pessoal é a gestão do seu próprio tempo, energia e mentalidade na procura dos resultados desejados. Ser estratégico exige flexibilidade para se adaptar às novas circunstâncias e agilidade mental para superar desafios e abrir novos caminhos na realização dos objetivos.
Para avaliar as suas competências de ação, pergunte a si próprio:
- Quando tenho de implementar uma estratégia, quão preparado estou para entrar em ação?
- Eu pergunto aos outros pelos seus objetivos no início da conversa?
- Saio facilmente do meu caminho quando surgem obstáculos?
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Quando a definição de estratégia significa possuir visão que traz vantagem, podemos começar a avaliar o nosso próprio nível de aptidão estratégica. Perspicácia, adjudicação e ação – a capacidade de pensar, planear e fazer – são o que separa os pensadores estratégicos dos outros, e são comportamentos que podem ser aprendidos e aplicados para criar valor. Embora a beleza possa estar nos olhos de quem vê, a estratégia está no comportamento.