O que fazem de diferente as empresas mais produtivas

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Texto traduzido e adaptado de Charles Atkins, Asutosh Padhi, e Olivia White

As melhorias na atividade laboral têm sido o motor da força económica e prosperidade dos Estados Unidos no pós II Guerra Mundial. Porém, nos últimos quinze anos, o crescimento da produtividade vacilou atingindo uma média de 1.4% anualmente, comparado com as taxas de 2.2% a longo prazo desde 1948.

Estas pequenas diferenças acrescentam: Se os Estados Unidos conseguirem voltar à tendência de longo prazo, poderá valer cerca de dez biliões de dólares em PIB acumulado até 2030. Os benefícios da produtividade ajudariam o país a cumprir os objetivos a longo prazo, tal como a crescente divida pública, o direito ao programa de subfinanciamento e a mudança para energias renováveis em vez dos combustíveis fósseis.

As empresas desempenham um papel fundamental neste putativo milagre da produtividade. Estudos nesta área mostram variações na produtividade entre as empresas que estão à frente e as mais atrasadas. A produção é um exemplo muito bom em como a empresas pioneiras trabalham cerca de 5.4 vezes mais do que as empresas que estão mais atrasadas. Os académicos mostraram que esta tendência é visível em áreas dos serviços, particularmente na área da informação e comunicação. Estas áreas mostram uma grande disparidade entre as empresas líderes e as restantes.

Não só se verificam disparidades na produtividade entre os diferentes setores de atividade, como também se verifica que estão a ficar ainda maiores. De acordo com a nossa pesquisa, na produção, a diferença era 25% maior em 2019 do que era em 1989. Os especialistas consideram que esta crescente diferença é o resultado do crescimento acelerado das empresas líderes em detrimento da estagnação que se vive nas restantes empresas. O que é encorajador: significa que se as empresas mais atrasadas conseguirem alcançar as empresas líder, os Estados Unidos podem voltar aos níveis históricos de produtividade.

Esta diferença na produtividade também revela que as empresas podem melhorar as suas ambições. Fazendo mais com menos, ou fazendo mais com o mesmo, vê-se nas demonstrações de resultados corporativos como margens mais altas e um crescimento de receita mais forte. No todo, estas melhorias de desempenho levam a mudanças em toda a economia.

Ensinamentos das empresas mais produtivas

Para os líderes de negócios que procuram melhorar o desempenho, há algo a aprender com as empresas de topo. Estas empresas são geralmente maiores do que as restantes (embora nem sempre, tal como se verá adiante). Na maioria das vezes eles estão presentes em vários setores e geografias.

Aquilo que as empresas têm em comum é uma cartilha com quatro elementos:

Eles percebem o valor da digitalização

As empresas de topo estão mais capazes de inovar tecnologicamente do que as restantes. Entre 1989 e 2019, os estudos encontraram uma forte correlação entre o crescimento da produtividade por setor e o nível de digitalização das empresas. Outros investigadores encontraram uma relação semelhante entre a produtividade das empresas e a digitalização.

Porém, muitas das empresas que estão a investir em tecnologia não estão a ter resultados. Um estudo da McKinsey mostra que as empresas só atingem cerca de 25% a 30% do valor expectável da transformação digital. Muitas das falhas surgem do facto de as empresas não atualizarem a estratégia da empresa e o modelo de negócio de modo a tirar partido do potencial da digitalização.

As empresas de referência estabelecem objetivos ousados, viabilizados pela tecnologia. Estas empresas reconfiguram a organização de modo a digitalizar as suas operações e captar os benefícios da tecnologia, em vez de ampliar a forma de trabalhar já existente. Para além disso, motivam para a responsabilidade pelos resultados.

Investem em bens imateriais

As empresas líder vão muito para além do investimento em tecnologia. Também colocam a tónica em bens imateriais como a pesquisa e desenvolvimento, propriedade intelectual, e as competências da sua mão-de-obra. De acordo com os resultados de alguns estudos, as empresas líderes no mercado investem cerca de 2.6 vezes mais em bens imateriais do que as demais empresas.

Para muitas destas empresas, adotar uma perspetiva a longo prazo é fundamental. Estes investimentos criam a curva J, segundo a qual os primeiros benefícios dos investimentos são reduzidos, mas a longo prazo permitem a criação de valor fora do comum.

Formam mão de obra futurista

As empresas de topo retêm, exageradamente, os mais talentosos de modo a conseguir tirar o maior partido da tecnologia. Seja através da capacidade de atrair os mais talentosos, seja pelo investimento interno das competências dos colaboradores.

Para navegar com sucesso na reconfiguração de empresas complexas são necessários, quer o talento quer os executivos mais experientes em tecnologia. Os líderes estão a vencer a guerra dos talentos ao reconhecer o valor da experiência do funcionário, ao investir em programas de formação no local de trabalho, na expansão de políticas que permitam, mais facilmente, que os pais e trabalhadores mais velhos permaneçam na força de trabalho.

Adotam uma abordagem de sistemas

As empresas líderes são, por norma, pensadoras de sistemas, sempre atentas a novas oportunidades para alcançar novos mercados ou colaborar criativamente com os investidores.

As empresas de elevada performance tendencialmente estão ligadas a cadeias de valor global, o que lhes dá acesso aos mercados globais, ideias e talento. Colaboram com fornecedores e clientes na formação de novos ecossistemas que beneficiam dos efeitos de aglomeração e criam polos de valor partilhados. Também procuram oportunidades mais próximas de colaboração com o setor público de modo a resolver os desafios dos talentos qualificados e infraestruturas físicas.

Os novos campeões da produtividade da América

A oportunidade de aplicar estes conselhos está aberta a todas as empresas, independentemente, do tamanho e forma. Muitas empresas líder fazem parte daquilo que

designamos de Economia de Titânio – pequenas empresas de tecnologia, muitas vezes de capital fechado, que estão entre as empresas que apresentam níveis de crescimento mais rápido e mais lucrativas do país. Estas empresas estão, normalmente, sediadas em cidades mais pequenas, às vezes até rurais, e estão presentes numa diversidade de setores.

Por exemplo a Dot Foods, uma redistribuidora de bens alimentares sediada em Mount Sterling, Illinois, com 2,006 habitantes. “O nosso volume de negócios está fora dos gráficos, e por isso não conseguimos contratar… por norma temos 500 funcionários a menos,” diz-nos Joe Tracy o CEO.

Para captar trabalhadores a Dot refez os turnos de trabalho de modo a permitir aos funcionários ter mais tempo livre. A empresa investiu em tecnologia para fazer os trabalhos que ninguém quer fazer, como por exemplo, colocar caixas no congelador durante o turno da noite. Adotou a tecnologia em todas as operações e investiu tempo na formação dos trabalhadores em competências chave para operar o equipamento. Fez os possíveis para integrar a logística com análises avançadas para que os clientes recebessem os produtos o mais rápido possível. Adquiriu o ShopHero para oferecer aos clientes uma plataforma de e-commerce personalizada e de uma marca local, com muitos vídeos e fotografias. A Dot Foods é atualmente um dos mais distribuidores nacionais de bens alimentares, entrega mais de 125,000 produtos de cerca de 1,000 fornecedores em todos os 50 estados.

O crescimento da Dot é um crescimento típico das empresas da Economia de Titânio, e a oportunidade de outras empresas se juntarem é grande. Dados recentes mostram que as pequenas e médias empresas são, em média, menos produtivas do que as empresas grandes. Porém, em alguns setores onde existem produtos ou serviços especializados que podem ser vendidos a preços mais elevados, as empresas mais pequenas são menos produtivas do que os seus rivais de maior dimensão. Estas informações deveriam encorajar os líderes na melhoria dos seus negócios.

Nem o tamanho, nem o setor são a medida do destino de uma empresa. Pode ter a certeza que basta os donos de uma mercearia estalarem os dedos e podem ter os lucros de uma empresa de software. Quase todas as empresas podem aumentar a produtividade e aproximar-se das empresas líder.

Em última instância, mudanças na estratégia e gestão da empresa terão de gerar os lucros de produtividade necessários para retomar a tendência de longo prazo e ganhar o prémio de 10 bilhões de dólares. Para os grandes líderes, a lacuna de produtividade deve ser uma ampla motivação para elevar as suas ambições. Está claro, que o trabalho desenvolvido acabará por fazer toda a diferença na prosperidade e bem-estar do país.

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