Se quer melhorar em algum aspeto, faça estas duas perguntas a si mesmo

Era a última corrida de esquida época. O meu filho Daniel, de dez anos de idade, estava junto ao ponto departida no seu fato, capacete e óculos, à espera do sinal.

“3… 2… 1…” disse o árbitro e ele arrancou muito rápido,dando força aos esquis para ganhar balanço. Uma a uma, cada cancela eraderrubada à medida que ele passava. À medida que se aproximava do fim, eleajoelhou-se de forma a criar aerodinâmica e ganhar milissegundos. Ele passou alinha de chegada, 48.37 segundos depois de ter iniciado a prova. Respiravarapidamente. Nós dávamos-lhe abraços e estávamos felizes. No entanto, ele nãosorria.

Eu tinha algumas ideias para o treino.Formas de o ajudar a ser mais rápido. Enquanto executivo e líder, eu tambémtreinava esqui aos fins-de-semana e fui esquiador quando tinha a idade dele.Mas guardei o meu feedback, abracei-o e disse-lhe que o amava. Era o que eleprecisava nesse momento.

Mais tarde, perguntei-lhe como se sentia emrelação à corrida.

“Nunca fico no top 10.”

Este é um terreno delicado, treinar os seuspróprios filhos, tentei por isso escolher sabiamente as minhas palavras.

Disse-lhe; “Tenho duas perguntas para ti, aprimeira, queres ser melhor?”

Se a resposta for “não” então qualquertentativa de te treinar será um ato de loucura (um erro que fiz no passado).

“Sim” disse ele.

“A minha segunda questão é: Estás dispostoa sentir desconforto e esforçar-te mais e tentar coisas novas que te vão fazersentir esquisito e diferente e que podem não funcionar imediatamente?”

Ele manteve-se em silêncio durante algumtempo e eu deixei que o silêncio permanecesse. O silêncio é bom. É o som dopensamento. E esta foi uma questão importante para o Daniel pensar.

Eu penso, e a minha experiênciacomo treinador de líderes em diferentes situações, prova-o, que todos podem sermelhores em alguma coisa. Mas para se ser melhor, e para se ser treinado comresultados, tem de responder “sim” a ambas as questões. Talvez queira ser umlíder mais inspirador. Ou relacionar-se mais com os outros. Talvez queira termais influência ou ser mais produtivo. Talvez queira ser um melhor comunicador,ter mais impacto, ou ser melhor ouvinte. Talvez queira ser mais eficaz comolíder, aceitar o risco, ou ser mais forte como gestor.

Seja o que for, pode sermelhor. E aqui está a coisa que temos de ter para ser melhor em qualquer coisa:não será melhor se 1) não quiser e 2) não quer sentir o desconforto de fazer ascoisas de forma diferente.

Um líder sénior com quemtrabalhei ficava na defesa quando as pessoas lhe davam feedback ou criticavamas suas decisões. Ele queria ser melhor, disse-me ele, e estava disposto asentir o tal desconforto. Então, eu dei-lhe instruções muito claras (queaprendi do meu amigo Marshall Goldsmith): reúna-secom cada membro da sua equipa e reconheça que lutou para aceitar o feedback ediga-lhes que está empenhado em melhorar. Depois peça feedback – principalmenteformas para ser um melhor líder e tome notas. Não diga mais nada para além de“obrigado”.

“Foi um grande esforço da minhaparte não ter iniciado uma conversa acerca dos comentários”, disse-me ele maistarde. “Principalmente porque me pareceu que por vezes eles não mecompreendiam. Isso era mais do que desconfortável. E claro fiz asneira algumasvezes e tive de pedir desculpa. Mas fiz, e eles nunca se cansaram de dizer quefoi uma boa mudança.”

Aprender algo de novo, é pornatureza desconfortável. Temos de atuar de formas que não nos são familiares.Correr riscos novos. Tentar coisas, pode ser de muitas maneiras, frustrante,pois podem nem sempre funcionar à primeira. De certeza que se vai sentir estranho.Vai cometer erros. Vai sentir-se envergonhado, principalmente se estiverhabituado a ter sucesso, e todos os meus clientes estão habituados a vencer.

Se se mantiver envolvido comtudo isto, de certeza que vai melhorar.

Agora faço sempre estas duasquestões antes de iniciar uma formação a um CEO ou líder sénior. É umpré-requisito para se crescer.

Sentei-me silenciosamente com oDaniel, durante algum tempo, que cheguei a pensar que ele se tivesse esquecidoda minha questão. No desconforto daquela cena, percebi que este também era umcomportamento diferente para mim. Eu estava habituado a ajudá-lo. E agora,estava-lhe a perguntar se ele queria a minha ajuda. Eu estaria bem, fosse qualfosse a resposta, e isso era algo estranho. Mas quanto maior era o silêncio,mais confortável eu ficava, ali, sentado ao lado dele. Que era algo que euadorava fazer.

Finalmente, ele disse algumacoisa.

“Penso que sim” disse ele, “masestamos no final da época. Podemos falar disso no início da próxima época?”

“Claro que sim” disse eu,“Volto a perguntar nessa altura.”

Texto adaptado do artigo da autoria de Peter Bregman publicado no dia09 de novembro de 2018 disponível em: https://hbr.org/2018/11/if-you-want-to-get-better-at-something-ask-yourself-these-two-questions.

Newsletter

Subscreva a nossa newsletter e fique sempre a par de todas as novidades

Formulário de dúvidas e denúncias

É importante para o Grupo Casais, conhecer as suas sugestões e reclamações, de forma a garantir que podemos melhorar continuamente.

Como colaborador, colaborador de um nosso parceiros, parte interessada ou testemunha pode denunciar situações de forma anónima, submeter informação sobre situações condenáveis ou denunciar ações ilegais, que violem políticas internas e/ou o nosso código de conduta de fornecedores.

As denúncias podem ser efetuadas de forma confidencial, indicando o nome e as informações de contacto ou, se quiser, de forma 100% anónima, deixando os campos em branco. Todas as denúncias serão tratadas de forma segura e confidencial.