O que faria se o seu chefe lhe pedir para trabalhar até tarde?

equilibrar os conflitos

E se o seu chefe lhe pedisse para ficar a trabalhar até tarde num projeto, ou para telefonar a um cliente durante o período de férias, o que faria? Não há respostas fáceis, mas identificamos 4 estratégias que ajudam a equilibrar os conflitos, por vezes, imperativos dos que têm de trabalhar demasiado e ser, ao mesmo tempo, um bom companheiro no seio familiar:

Este artigo é a segunda parte do texto Está a trabalhar demasiado? 5 estratégias para comunicar com o companheiro

1. Deixar bem claro que é importante fazer trabalho extra

Na maioria das vezes, os funcionários sentem que o trabalho extra não é opcional. Mesmo quando informamos os participantes dos nossos estudos que um projeto extra não era obrigatório, muitos assumiam que era esperado que o fizessem. Para além disso, muitos dos companheiros com quem falamos, confirmavam este sentimento, mostrando que o companheiro sentia ter de dar o máximo para conseguir ir de encontro aos objetivos familiares e viver de acordo com os valores e ideais partilhados pelo casal.

Mas na maioria dos casos, trabalhar demasiado pode significar trabalhar mesmo muito. Se fazer horas extra, pode trazer problemas para a família, os trabalhadores devem perceber se as empresas para as quais trabalham, precisam de facto, da ajuda, se a tarefa é assim tão urgente como parece, e se alguém os pode substituir. Por exemplo, se o seu chefe lhe pede para acompanhar um cliente num jantar no seu dia de folga, é importante confirmar se eles realmente precisam de si, ou se apenas estão a estender o convite a si. Em vez de se envolver em todas as oportunidades de trabalho extra, os funcionários devem perguntar se é realmente importante, quais são os que deve agarrar e quais são os opcionais.

2. Envolva-se em ações de cidadania

Fazer horas extra não significa dizer sim a todos os pedidos, e de facto, não deveria. Em vez de se sentirem pressionados a aceitar todos os trabalhos que as chefias empurram para os funcionários, estes deveriam comprometer-se com aquilo a que designamos de cidadania: tentar encontrar formas de ir além do dever encontrando correspondência com os interesses pessoais, qualidades e necessidades. De modo que os funcionários consigam o equilíbrio entre os deveres familiares e profissionais, significa encontrar formas que permitam o desenvolvimento da carreira, ajudar a empresa e não prejudicar a vida familiar.

Por exemplo, se acompanhar um cliente interfere com os planos para o jantar em família, considere por exemplo, ajudar um novo colega na empresa ou ajudar num projeto, dentro do horário de trabalho. Definir limites saudáveis e manter uma abordagem ativa que permita o desenvolvimento da carreira, pode ajudar a alcançar os objetivos profissionais, de um modo consistente para o próprio e para aqueles que lhe são mais importantes.

3. Aceite o poder da comunicação

Pode até pensar que aceitar fazer horas extra, vai incomodar o seu companheiro, porém, os nossos estudos mostram que o modo como comunicam tem um grande impacto na reação dos cônjuges. Mesmo que não se veja como um grande comunicador, basta utilizar a estratégia certa para marcar a diferença. Principalmente, no que toca a reduzir as possibilidades de conflito, deve-se evitar tocar em assuntos discutidos anteriormente, e tentar ao máximo dar conhecimento com alguma antecedência e claro direcionar a conversa para obter a permissão para fazer as horas extra (em vez de simplesmente informar o companheiro).

Deve ficar bem claro, que ninguém deve achar que tem de pedir permissão para crescer profissionalmente. De facto, os nossos estudos mostram que pedir permissão aos cônjuges, para se aceitar trabalho extra, principalmente aqueles que tencionam subir profissionalmente, pode não ser a melhor estratégia. Porém, no que toca à mitigação de conflito, as estratégias de comunicação que revelam respeito e apreço pelo companheiro podem fazer a diferença (nestas situações o companheiro tem trabalho acrescido com os filhos e tarefas domésticas).

4. Alinhe a estratégia de comunicação com os seus objetivos

Todos nós passamos por fases em que estamos mais focados na nossa vida profissional. É fundamental adaptar o nosso comportamento aos nossos objetivos. Quando a carreira é a prioridade, pode fazer algum sentido utilizar estratégias de comunicação que maximizem as possibilidades de aceitar trabalho extra (sob pena de ter algum descontentamento em casa): destaque as recompensas que se pode ter com o facto de se trabalhar horas extra, ou convoque conversas anteriores com o seu companheiro. Por outro lado, se estiver mais interessado em manter o seu parceiro feliz, então talvez faça mais sentido pedir permissão ou avisar com alguma antecedência (embora no caso do primeiro possa significar aceitar menos trabalho extra). Se estiver a tentar o equilíbrio entre o trabalho e a vida familiar, de acordo com os nossos estudos, avisar com alguma antecedência ajuda a aumentar o grau de satisfação do cônjuge, porém tem pouco impacto na aceitação de tarefas extra. Assim, esta abordagem pode ser a que melhor funciona para manter os dois objetivos. Em último caso, o sucesso é relativo: as estratégias que promovem o sucesso no trabalho podem ser aquelas que menos funcionam na vida familiar e vice-versa. Portanto, é importante definir o que é importante para si, e escolher a estratégia de comunicação mais adequada.

Não há como dar a volta a tudo isto: ser um bom cidadão no trabalho pode acarretar custos na vida pessoal. Porém, o modo como comunica com o seu parceiro quando estas situações surgem pode ter implicações importantes para ambos, quer para o trabalho e para a família, quer para a satisfação do parceiro, bem como da possibilidade de aceitar o trabalho extra. Portanto, da próxima vez que lhe for pedido trabalho extra, procure saber quais as verdadeiras necessidades da empresa, procure formas criativas de ajudar as suas chefias sem causar problemas no seio familiar, e antes de dar a novidade ao seu parceiro, escolha a melhor estratégia de comunicação que vá de encontro aos seus objetivos e contexto.

Texto adaptado (Parte II) do artigo da autoria de Mark C. Bolino, Thomas K. Kelemen, Marisa L. Flores e Ryan S. Bisel. da revista da HBR da edição de julho de 2022, disponível em https://bit.ly/3zwJq1 

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